O Desuso da Prática do Lobolo: Estudo de Caso de Distrito de Namacurra, Localidade de Mexixine Licenciatura em Ensino de História com Habilitação em… [601716]

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Tiago Luciano Moreira Mendes

O Desuso da Prática do Lobolo: Estudo de Caso de Distrito de Namacurra,
Localidade de Mexixine
Licenciatura em Ensino de História com Habilitação em Ensino de Geografia

Universidade Pedagógica
Quelimane
2016

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Tiago Luciano Moreira Mendes

O Desuso da Prática do Lobolo: Estudo de Caso de Distrito de Namacurra,
Localidade de Mexixine
Monografia de carácter científico a ser apresentada
ao Departamento de Ciências Sociais e Filosóficas –
Delegação de Quelimane como réquisito para
obtenção do Grau Académico de Licenciatura em
Ensino de História com Habilitação em Ensino de
Geografia
Supervisor: dr. Janotas do Rosário Nativo

Universidade Pedagógica
Quelimane
2016

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Índice
Lista de Tabelas
Tabela 1: Distribuição da amostra 14
Tabela2: grupo etário da população 21
Tabela 3: população, segundo o estado civil e a crença religiosa 22
Declaração iii
Dedicatória iv
Agradecimento v
Resumo vi
0. Introdução 7
0.1Problematização 8
0.2 Hipótese 9
0.3Justificativa 9
0.4Objectivos 11
0.5 Metodologia 11
0.5.1 Formas de Abordagem 12
0.5.2 Método de Pesquisa 12
0.5.3 Técnicas de Recolha de Dados 13
0.5.4 Delimitação da Amostra 13
Capitulo I: Marco Teórico 15
1.1 Conceitualização do lobolo 15
1.2 A Importância do lobolo 17
1.3 Vantagens do lobolo 18
1.4 Causas da desistência da prática do lobolo 19
Capitulo II: breve caracterização do Distrito de Namacurra 21
2.1 Localização, superfície e população. 21

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2.2 Demografia 21
2.3 Línguas Faladas 22
2.4 Analfabetismo 22
2.5 História e Cultura 22
2.5 Datas históricas do Distrito de Namacurra no tempo colonial 23
2.5.1 Objectivo dos colonos portugueses em Namacurra 23
2.6 Clima, Relevo e Solo 23
2.7 Cenário Político Actual e a Sociedade Civil 24
2.8 Economia e Serviços 26
Capitulo III: Apresentação, análise e interpretação de dados 28
3.1 Conceito do l obolo 28
3.2 Fases do lobolo 29
3.3 A importância da Prática do Lobolo 31
3.4 Causas do Desuso da Prática do Lobolo 33
3.5 Consequência do Desuso do Lobolo 35
4. Conclusão 37
4.1 Sugestões 38
Bibliografia 39
Apêndices 41

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Declaração

Declaro que esta Monografia científica é resultado da minha investigação pessoal e da
orientação do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto em formas de notas de rodapé na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Quelimane aos de Abril de 2016
____________________________________________
Tiago Luciano Moreira Mendes

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Dedicató ria
Aos meus pais Luciano Moreira Mendes e Palmira Cândido.

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Agradecimentos
Agradeço aos meus pais Luciano Moreira Mendes e a Minha Mãe Palmira Cândido, de
seguida agradecer aos docentes: Lourindo Verde, José Gopa, Felizardo Camões, Bruno
Mendiante, Oscar Zumbire, Regina Caminho, Cassimo Jamal, Ricardo Raboco, que
contribuíram para a minha formação, mas em especial para o dr. Janotas do Rosário Nativo, o
meu supervisor.
A minha esposa Hilária Lázaro, minha irmã Samira Francisco, Escolástica Luciano, pelo
apoio financeiro e moral, a mana Epnece Luciano, meus filhos Amarildo Tiago Luciano,
Junaide Tiago Luciano e Maira Tiago Luciano, Desidéria Lazaro, meu primo Benício
Eusébio, Clementino Mariano e Arcenio Luís, minhas primas Marcelina Luís e Pascoa Luís.
Aos meus tios Ernesto, Benjamim Amaral, minha tia Graça.
Aos meus colegas Alberto André, Carlos Zangarote, Sandra Mariza, Benjamim Rosa,
Roberto Miguel, aos meus amigos Abel Ricardo, Abel Sequel, Chaimite Oniva e outros que
directa ou indiret amente ajudara -me a caminhar durante longos tempos.
As instituições como a Secretaria da Administração de Namacurra, a Localidade de Mexixine
que tornou possível a recolha de dados inerentes ao trabalho. A universidade pedagógica por
ser útil na formação. E a todos aqueles que pode mencionar que de varias formas
contribuíram para o sucesso da minha vida e o progresso da minha carreira estudantil.

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Resumo
A presente monografia tem como titulo o Desuso da prática do lobolo; estudo de caso de
Distrito de Namacurra, com um foco para a Localidade de Mexixine. Para direccionar o
trabalho tem como objectivo geral: compreender as causas do desuso da prática do lobolo;
mas, tendo como objectivos específicos: identificar as causas do desuso da prática do lobolo;
explicar a importância da prática do lobolo; valorizar a prática do lobolo. Para isso como
linha orientadora levantou a seguinte questão: quais são as causas do desuso da prática do
lobolo. A justificativa pertinente para este trabalho é facto de que o pesquisador pretende
perceber quais as razões da desestruturação da cultura ou da sociedade na qual se encontra
inserido. Como se não basta -se uma outra razão é a necessidade de recuperar a moral da
sociedade sobre certas situações que lá se vive, de modo, a cultivarem a prática de bons
hábitos e costume concernente a conduta dos rapazes e raparigas que são os principais
proliferadores de doenças sexualmente transmissíveis, não só, mas como também
pretendemos resgatar o valor dos pais dado que esta pr ática significa agradecimento para os
pais da lobolada e mostra boa conduta do rapaz que lobola porque este passa de uma
avaliação. Para a realização do mesmo baseamo -nos numa abordagem qualitativa tendo como
uma pesquisa do tipo bibliográfica e descritiva , e com base no método Descritivo permitiu o
autor a identificar as causas do desuso da prática do lobolo em Mexixine com base em
entrevista e observação participante, o autor concluiu que as causas da prática do lobolo são a
liberdade no conhecimento das leis que defendem a mulher que advieram com a democracia e
permitiu que toda mulher e a sociedade em geral se desfizesse das suas culturas de modo a
aderir a cultura global ou ocidental, facto este que na actualidade tem criado vários problemas
no seio da juventude e dos mais velhos dado que verifica -se alto índice de prostituição, um
número elevado de crianças abandonadas pelos pais e o desacato dos conselhos aos idosos.
Palavras -chave: Desuso, Práticar, Lobolo, Matrimónio, Cultura.

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0. Introdução
O Lobolo em África representa um símbolo cultural que compreende a e ntrega da mulher ao
seu esposo como um sinal de matrimónio e consiste na entrega de certas bugigangas aos pais
e familiares da mulher. E, esta prática na nossa c omunidade constitui uma forma d o homem
ou a família do marido ter a nora como membro da sua família por legitimidade e não por
afinidade.

Na presente monografia intitulada o Desuso da prátic a do Lobolo: estudo de caso de D istrito
de Namacurra Localidade de Mex ixine , faz-se uma descrição dos acontecimentos partindo
dos fa ctos que servem para legitimar, definir posições e a acção dos a ctores sociais, onde o
passado e o presente nos serviram como pontos de apoio e referênci a neste exercício
descritivo, e dinâmico. O lobolo é um costume matrimonial em que o grupo do noivo leva
uma compensação a outro grupo, o da noiva, para restabelecer o equilí brio entre as famílias
que compõem o clã. O noivo e o seu grupo adquir em, desta forma, um novo membro e, se
senti ndo diminuído o outro grupo pede uma compensação para s e reconstituir pela aquisição
de outra mulher.

Escolheu -se o lobolo como foco de representações de mudanças locais porque ele institui o
sistema de parentesco e nos apresenta desta forma, um conjunto complexo de normas, de
práticas e de padrões de comportamento entre os parentes das nossas comunidades. A favor
da história local nos contrapomos a ideia da globalização da cultura que pretende anular o
conhecimento local, todavia a presente abordagem nos permitiu envolve r certas camadas
sociais que foram vistas como exemplo par a a transmissão do conhecimento históric o local e
a responsável pela transmissão da mesma para outras gerações.

Depois de 1992, com o fim da guerra c ivil entre a Renamo e o Governo da Frelimo e
implementação da democracia liberal em Moçambique, a região do norte da Zambézia
registou um desenvo lvimento substancial. A força da globalização afectou a forma do
casamento das sociedades. Os rituais, assim como a socialização, na comunidade de
Mexixine se caracterizam pela relação com o que acontece noutras regiões do pa ís e do
mundo. No entanto neste s termos pretende -se defende r que o impacto da globalização
observa aceitação total , no qual, a cultura da sociedade de Mexixine não só absorve o que lhe
é útil da globalização, mas também, empresta à globalização.

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0.1 Problematização
Mexixine é uma localidade do D istrito de Namacurra que desde os tempos antigo as pessoas
desta parcela da Zambézia legitimavam a sua união matrimonial com um ritual de
denominado Pethe que em linguagem nacional denomina -se lobolo.
Esta prá tica não influenciada pela globalização era vista como sinó nimo de respeito para os
residentes e pratic antes, e os mais velhos sentiam -se mais lisonjeados em que tinham
confiança de que entregavam as suas filhas a pessoas de boa conduta dado que esta prá tica
tem s ido algo faseado qu e obedece as seguintes etapas:
1-Wedd elela que consiste em namoro, em seguida ;
2- Ofiedhiwa que consiste em os pais do homem irem a casa dos pais da mulhe r e pedir a sua
mão;
3- Mathelo corresponde a terceira e ultima parte, é uma cerimó nia da própria união
matrimonial dos dois e que é dignificado pelo Lobolo ( Pethe ).
Este todo processo faz com que a noiva seja classificada pelos parentes do noivo quanto a sua
conduta moral e cívica na sociedade, e, o mesmo acontece com o noivo com a família da
noiva e assim a sua união não só depende deles mas também dos seus pais. Contudo esta
prática fazia com que os casamentos fossem mais duradoiros pela confiança que existia entre
os cônjuges.
Na actualidade o que se verifica é que esta comunida de vem se desmembrando desta prá tica
facto que faz com que nela se viva com determinados problemas como divórcios constantes,
existência de filhos desamparados e mal-educados , faz com que os idosos sejam mal vistos na
comunidade pelos adje ctivos que agora são empreg ues ( feiticeiros), se regista alto índice de
poligamia , desrespeito mútuo entre os residentes e a desconsideração das autoridades locais o
desacato das ordens locais (lideres tradicionais ). E, por esta razão levanta -se a seguinte
questão :
 Quais são as causas do Desuso da prática de Lobolo?

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0.2 Hipótese
 O Desuso da prática do lobolo pode estar ligada as constantes mudança ou abalos das
suas instituições sociais , dado que o mundo na actualidade luta para ingressar numa
cultura global onde as práticas tendem a ser universalizadas por todas as populações.

 O Desuso do lobolo está aliado a novas dinâmicas do currículo educacional que
recomenda a mudança de mentalidade de modo a nos identificarmos com a cultura
ocidental e nos separarmos com a nossa prá tica cultural pois , nesta vertente a cultura
ocidental é vista como universal e mãe de todas as culturas.
0.3 Justificativa
O lobolo como sendo uma prática bastante remota ela constitui uma simbol ogia
moçambicana que se reflecte em certas sociedades, e, como forma de gara ntir a sua existência
ela é transmitida de geração à geração e merece atenção pelo facto de constituir um dos traços
mais fortes d a civilização e da nossa cultura . No entanto a consideração e resgate desta
prátic a deve ser imperiosa para a preservação da nossa identidade.
A escolha deste tema se deveu a duas principais motivações:
Primeiro é que o pesquisador fazendo parte do sociedade e da cultura em que estuda pretende
saber as causas da mudanças dos hábitos e costumes a qual esta sujeito na sua região. Em
segundo lugar é pel a necessidade do resgate da identidade da população ,pretende ndo assim,
com isso recuperar a moral da sociedade sobre certas situações que lá se vivem de modo a
cultivarem a prática de bons hábitos e costume concernente a conduta dos rapazes e raparigas
que são os principais prolifera dores de doenças se xualmente transmissíveis, não só , mas
como também p retendemos resgatar o valor dos pais dado que esta prática significa
agradecimento para os pais da lobolada e mostra boa conduta do rapaz que lobola porque este
passa de uma avaliação.
Antigamente o lobolo não era mais do que uma cerimónia que representava uma união
conjugal, extremamente tradicional. Isso para dizer que era de carácter obrigatório para quem
quisesse construir uma família.
A família do noivo era obrigada a levar para casa da noiva um certo dote, em forma de
agradecimento por ela ter sido bem tratada e educada. E nesse momento ambas conheciam -se

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e selavam oficialmente a união conjugal, após satisfeitos os requisitos exigidos pela família
da Lobolada.
Actualmente pelo desuso desta prática as mulheres perdem respeito perante os seus maridos e
vice-versa, desconsideram os mais velhos e proliferam vari as doenças de transmissão sexual
devido a prática do adultério.
Com o presente trabalho prete ndemos contribuir de uma forma científica na avaliação da
influência da cultura ocidental na cultura local, no qual a sociedade actual principalmente a
de Mexixine que constitui o nosso campo de abordagem contradizem as questões culturais
pondo de fora o local e aderindo a cultura ocidental na tentativa de globalizar a cul tura.
Portanto neste trabalho a ideia do global ou seja a validação d a cultura ocidental como uma
prática universal será contrariada, sendo que o autor parte da valorização d a cultura local
como um factor de identidade soc ial e cultural que merece não só atenção da comunidade,
mas também do estado, dos políticos, da educação entre outras.
Nas pequenas comunidades o lobolo reflecte o sentimento de respeito entre a comunidade
que a prática , poré m nas comunidades de Mexixine constitui uma forma de valorização da
rapariga no seio da sociedade, não só como também significa o bom comportamento da
menina lobolada e a boa educação dos seus pais. Facto este que dá um imenso orgulho a
família de ambos cônjuges, nesta sociedade ( Mexixine).
Nesta perspectiva pretendemo s consciencializ ar a comunidade residente e a sociedade no
geral que a sua não prática significa o desmembramento desta sociedade da sua cultura
original, não só como também significa o não respeito a camada mais velha, e as raparigas
em si, como bem se sa be o lobolo significa respei to aos pais da noiva. Porém , na actualidade
este respeito vem sendo globalizado através da crise democrática implantada desde os anos
de 1992, portanto através de varias fontes de comunicação ou ainda mesmo os midias que
constitui a principal fonte da difusão do factor globalização , facto este que ascende a moral
da sociedade de tal mod o que eles esquecem das suas prá ticas e pensam que apenas seguindo
o que vem poderão ser designados de evoluídos, causando assim entre as raparigas a
prostituição , e pelos rap azes a adoção da má conduta na medida em que se metem no
alcoolismo e se esquecem totalmente da conduta moral e cívica que rege a sua comunidade.
Porém no âmbito dos factores que contribuem para a sua não prática encontra -se o papel dos
líderes tradicionais que não educam esta sociedade com eficácia, na medida em que eles não

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protegem o sagrado ou seja na medida em que estes comungam os l ugares impróprios com os
jovens .
0.4 Objectivos
Obje ctivo geral
 Compreender as causas do Desuso da prática do lobolo .

Objectivos específicos
 Identificar as causas do desuso da prática do lobolo ;
 Explicar a importância da prática do lobolo ;
 Valorizar a prática do lobolo nas comunidades .
0.5 Metodologia
A primeira etapa constituiu na revisão da literatura, nesta fez -se a determinação do “estado da
arte”, procurou -se mostrar através da literatura já publicada o que se sabe sobre o lobolo, a
sua importância para a sociedade, as causas do desuso. E, ainda pr ocurou -se onde se
encontram os principais entraves teóricos e metodológicos. Foi importante porque
possibilitou dar uma luz ao autor sobre o desuso do lobolo na medida em que foi fazendo
várias leituras para consultas. A revisão da literatura contribui no trabalho na obtenção de
informações sobre a situação actual do problema pesquisado. Nesta mesma etapa
desenvolveu -se também a revisão teórica, com a intenção de inserir a pesquisa dentro de um
quadro de referências teóricas para explica -lo.
Foi mesmo nest a etapa em que procedeu -se a revisão histórica, p rocurando – se recuperar o
histó rial ou fases da prática do lobolo, fez-se uma abordagem sobre a inserção dessas fases
dentro de um quadro teórico de referência que explica os factores determinantes e as
implicações das mudanças sociais .
Estes métodos descritos acima foram tã o valiosos para o trabalho, pois permitiram a contacto
com varia s ideias que se relacionam com as causas do desuso da prática do lobolo no mundo
em geral e em Moçambique de forma particular, servindo de uma base de sustentação teórica.
A segunda etapa desenvolveu o trabalho meramente do campo, que teve como objectivo
explorar a área do estudo e ao mes mo tempo manter contactos com as autoridades locais tais

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como: anciãos da comunidade , membros da sociedade, líderes da localidade que estão numa
estreita ligaçã o com os saberes locais .
Finalmente a terceira etapa, foi a apresentação e análise dos resultado s, sabendo que todo o
material compilado no campo, como notas de trabalho, gravações, transcrições das entrevistas
é considerado uma fonte de dados a partir da qual serão construídos os dados graças aos
meios formais que a análise proporciona.
0.5.1 Forma de à abordagem
Ao longo da pesquisa nos basea mos numa abordagem qualitativa, pois segundo SILVEIRA e
GERHARDT (2009: 30 ) não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização , esta abordagem
ajudou o autor a se inteirar no sentimento profundo dos entrevistados de m odo a apurar as
causas do desuso desta prá tica ao nível dos residentes da Localidade de Mexixine .

Portanto na visão de G OLDENBERG , apud SILVEIRA e GERHARDT (2009: 30 ) os
pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas,
exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas
nem se submetem à prova de fa ctos, pois os dados analisados são não -métric os (suscitados e
de interação ) e se valem de diferentes abordagens. Este tipo de abordagem, o investigador foi
ao mesmo tempo o sujeito e o objecto de suas pesquisas.
0.5.2 Método da pesquisa
Nos basea mos numa pesquisa descritiva, o que nos permitiu descrever as vantagens da
prática, as suas etapas e as reais causas que contribuem para o esquecimento do Lobolo no
seio da comunidade. Para tal nos sustentamos também em SILVEIRA e GERHARDT (2009 :
35) que acreditam que este tipo de pesquisa , exige do investigador uma série de informaçõe s
sobre o que deseja pesquisar, descrevendo os fa ctos e fenómenos de determinada realidade.

Para TRIVIÑOS citado por SILVEIRA e GERHARDT (2009 :45), os estudos descritivos
podem ser criticados porque pode existir uma descrição exata dos fenómenos e dos fa ctos.
Estes fogem da possibilidade de verificação através da observação. Ainda para o autor, às
vezes não existe por parte do investigador um exame crítico das informações, e os resultados

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podem ser equivocados ; e as técnicas de colecta de dados, como questionários, escalas e
entrevistas, podem ser subje ctivas , apenas qu antificáveis .
0.5.3 Técnica de recolha de dados
Nos ba seamos numa observação participante, ou activa, que consistiu na participação real do
conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situ ação determinada. O que nos
levou a optar por esta técnica, segundo GIL (2008:130):
A observação participante é vantajosa pelo facto de pode r assumir duas formas
distintas: natural, quando o observador pertence à mesma comunida de ou grupo que
investiga; e artificial, quando o observador se integra ao grupo com o objectivos de
realizar uma investigação.

Esta técnica permitiu que houvesse o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que
os memb ros das comunidades se encontravam envolvidos. Possibilitou o acesso a dados que a
comunidade ou grupo considera de domínio privado, possibilitou captar as palavras de
esclarecimento que acompanham o comportamento do s observados. Privilegiou -se da
entrevista e histó ria de vida como técnica de recolha de dados.
Para tal o pesquisador serviu -se de um bloco de notas, um gravador de modo a superar o
limite da memória humana em coletar e reservar a informa ção que possa ser útil
posteriormente .
0.5.4 Delimitação da amostra
O presente trabalho foi realizado na localidade de Mexixine mas concretamente no bairro da
Vila Cândida que segundo as estatísticas fornecidas na sede da localidade possui cerca de 800
habitantes. Portanto nos servimos de uma amostra intencional composta de 30 p essoas.
Como forma de generalizar o facto na população de Mexixine a amostra foi composta de
trinta (30), pessoas, dentre as quais 15 homens e 15 mulheres. Dentre os homens 1 ancião da
zona, 2 líderes religiosos de diferentes religiões , 10 membros da sociedade civil e 2 jovens
responsáveis da igreja. De igual número das mulheres fez -se a seguinte distribuição : 1 anciã
da zona, 2 líderes religiosas de diferentes religiões , 10 membros da sociedade civil e 2 jovens
responsáveis da igreja.

Esta escolha deve u-se a necessidade de considerar a opiniões dos ambos sexos e por
objectivos a validar de forma generalizadas os nossos objectivos e perceber melhor a causa
do problema. A es colha foi feita de forma sistemática de indivíduos com 16 a 78 anos isto por

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ser a idade que com frequência nesta região tem acesso ao casamento e a ultima id ade por
serem as pessoas responsáveis de transmitir este conteúdo de geração a geração . Perceba -se
melhor a sua descriminação com o seguinte quadro:
Tabela 1: Distribuição da amostra
Papel na
sociedade Total H M IDADE
Ancião 2 1 1 50-78
Lideres
religiosos 4 2 2 30-78
Membros da
sociedade civil 20 10 10 16-78
Jovens
religiosos 4 2 2 16-24
Fonte: adaptado pelo autor. (2016).

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Capitulo I : Marco Teórico
1.1 Conceitualização do Lobolo
Segundo MUSSANE (2009:12) o lobolo ou lovolo é um costume matrimonial em que o
grupo do noivo leva uma compensação a outro grupo, o da noiva, para restabelecer o
equilíbrio entre as famílias que compõem o clã. O noivo e o seu grupo adquirem, desta forma,
um novo membro (mulher) e, se senti ndo diminuído o outro gr upo pede uma compensação
para se reconstituir pela aquisição de outra mulher.
Segundo JUNOD (1996) somente esta concepção cole ctiva explica este fa cto, pois o lobolo é
foco de representações de mudanças locais porque ele institui o sistema de parentesco e nos
apresenta desta forma, um conjunto complexo de normas, de práticas e de padrões de
comportamento entre os parentes.
Apesar de existirem alguns autores como SINGULANE (2009), e outros que defendem esta
prática como secular e traz como o ponto de referência o sul de Moçambique, há outros
autores que olham esta posição como irrac ional e central ista pois para MUSSANE (2009: 67),
o lobolo é um a cto cult ural; e toda a cultura pode ser considerada como um conjunto de
sistemas simbólicos em que incluem a linguagem, os matrimónios, as relações económicas e
a religião.
Aliando -se as palavras anter iormente mencionadas por MUSSANE , torna difícil delimitar a
sua região por se tratar de uma simbologia que qualquer individuo passa por ela, facto este
que não pode ser exclusivamente para o sul de Moçambique, mas sim de toda Á frica e
Moçambique em particular. Pois trata -se de troca de um ser de sexo feminino e alguns
benefícios físicos que ficam com os parentes da rapariga e que esta prática é possível
constatar em qualquer ponto do País .
Num outro desenvolvimento JUNOD (1996:472) acredita que :
O costume do lovolo, inventado por uma sociedade que está ainda no estado colectivo
ou semicolectivo, é incompatível com as concepções esclarecidas da civilização
ocidental; com a sua política e as suas ideias da vida civil, com a sua religião, por se
inspirado por uma concepção do ser humano que pertence a uma outra idade. Uma
mulher é só uma porção da propriedade familiar que se adquire pelo lovolo, e que é
por conseguinte herdada por outros homens quando o marido morre. A oposição entre
a concepção colectivista e a concepção Ocidental é absoluta e se é verdade ser assim,
é dever ao mes mo tempo das missões cristãs e dos governos esforçarem -se por
mudarem este estado de coisas na sociedade primitiva.

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Todavia, como podemos ver no desenvolver do presente estudo, podemos considerar que o
lobolo é um sistema de trocas, algo similar à tríade m aussiana de dar, receber e retribuir. E
assim sendo, o lobolo poderia ser visto como um fenómeno social total na medida em que
envolvem ao mesmo tempo, várias componentes da vida social: económicas rituais,
religiosas, morais, jurídicas etc.
Outros autores acreditam que o lobolo não difere do casamento que deve ser conceituado
segundo HOEBEL e FROST como uma instituição social determinada pela cultura. É o
complexo das normas sociais que definem e controlam as relações de um par unido um com o
outro, com seus parentes, com sua prole e com a sociedade no geral. Ele define todos os
direitos institucionais, deveres, privilégios e imunidad es do par como marido e mulher,
determina ndo a forma e actividades da asso ciação conhecida como a família , HOEBEL &
FROST ( 1995: 176).
O lobolo como símbolo de união matrimonial permite que uma das famílias envolvidas
adquira um novo membro, e a outra, o perca, a mulher adquirida ainda que conserva seu
apelido, torna – se propriedade do novo grupo familiar pertence a este grupo tanto ela como
os filhos que gerar.
Não obstante o lobolo em outras palavras não se difere do casamento que é uma instituição
social que visa estabelecer vínculos de união estáveis entre o homem e a mulher baseados no
reconhecimento do direito d e prestações recíprocas de comunhão de vida e de interesses,
segundo as normas das respectivas sociedades. Não se trata de um tipo de partilha qualquer,
deixado ao livre arbítrio e inclinações dos intervenientes, mas de uma comunhão de intere sses
mútuos, MARTÍNEZ ( 2009 ).
No entanto ele (o lobolo), ostenta um traço cultural parental ou matriarcal que deve ser
preservado, o seu mistério traz a segurança do lar e valorização da mulher como um bem de
valor. Que não se veja o valor como apenas algo monetário, m as sim se refere ao valor
sociocultural que a mulher consegue manter através do mistério que elas obtêm.
MALINOSWSKI (1967: 18 -9) “enfatiza o carácter económico do casamento, daí que o
denomine de contrato económico ”. O autor olha para as trocas que ocorrem nas ritualizações
do casamento entre parentes, a cooperação que o casamento oferece na produção e os valores
que os noivos pagam como reconhecimento do esforço dos parentes da noiva em fazê -la
crescer.

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1.2 A importância da prática d o lobolo
A funç ão social desta relação é evidente. A tradição transmite -se de geração em geração , para
que esta tradição se mantenha tem de existir uma au toridade por detrás dela, que se reconhece
como pertencendo aos membros da geração precedente e são eles que exercem a disciplina .
RADCLIFFR -BROWN (1973: 142).
A percepção de mudança dos actores locais está diretamente ligada a um sentimento de
alteração nas instituições sociais. Uma instituição social é a norma de comportamento
estabelecido que é reconhecido por um certo grupo ou classe social ao qual per tence
RADCLIFFR -BROWN (1974: 22).
Pesquisas antropológicas feitas em v árias sociedades africanas , segundo RADCLIFFR –
BROWN (1974 :56), mostraram que um casamento envolve toda uma série de prestações em
dinheiro ou serviço, que se deve por lei ou costume. As prestações a que nos referimos aqui,
são todos aqueles presentes ou pagamentos de bens exigidos pelo costume, no processo de
estabelecer um casamento válido.
Para MUSSANE (2009:52) o lobolo não é da competência de autoridades políticas; é
contraído pelo acordo entre do is grupos de pessoas, os parentes do homem e os da mulher. É
uma aliança entre dois grupos baseada no seu interesse comum na própria união e na sua
continuidade e nos filhos que serão naturalmente, parentes de ambos os grupos.
Trata -se da perda de uma pessoa que foi membro de um grupo, um desfalque na soli dariedade
da família. A parte mais importante do valor de uma mulher é a sua capacidade de fazer
filhos se a mulher se revelar estéril, seus parentes ou devolvem o lobolo ou fornecem outra
mulher para gerar filhos. Tod a a família do noivo participa nas cer imónias do casamento,
sobretudo, no dia da entrega do lobolo. Todo o membro masculino tem direito a opinião
sobre os boi s ou o montante a ser entregue, caso seja pobre ou tenha alguma dificuldade, os
irmãos ajudam o noi vo a se preparar para o lobolo, fazen do-o em nome do grupo. A mulher
lobolada é, desta maneira, esposa potencial deles, embora não lhes é permitido ter relações
sexuais. Tem o direito de recebê -la como herança em caso da morte do marido.
Segundo RADCLIFFR -BROWN (1973 :476) a explicação deste f enómeno está baseada no
facto de haver tribos africanas, onde a posição social de uma criança na estrutura social
depende da fonte dos pagamentos para o casamento da mãe. Observado nos seus momentos
iniciais, antes da extensão da modernidade através da col onização europeia, no estádio
colectivo da sociedade rhonga , este costume fortificava a família patriarcal, o direito do pai;

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dificultava a dissolução do casamento porque a mulher não podia abandonar definitivamente
o marido sem que o seu grupo restituísse o valor do lobolo.
Mas segundo o projecto da FAO (2002:8) lobolo representa não só a garantia de transferência
dos potenciais filhos de um espaço territorial para outro, mas também a expressão pública de
que a família receptora da filha lhe garanta acesso à terra para habitação, agricultura e
recolecção.
Na per spectiva de CIPRE , (1992:44) as funções fundamentais do lobolo podem ser alistadas
em seis (6) que são:
1. Uma compensação no sentido lato;
2. Transferência da capacidade reprodutiva da mulher para o grupo familiar do marido;
3. Legalização e estabilização do casam ento
4. Tomada de responsabilidade do marido e respectiva família pela manutenção e bem –
estar da mulher lobolada;
5. Legitimação dos filhos gerados pela mulher lobolada para pertença do marido;
6. Meio de aquisição de outra unidade reprodutiva para o grupo enfraquecido.
O lobo como uma prática cultural desempenha as seguintes funções: traz segurança para a
mulher que é lobolada e honra a própria família desta mulher; une as duas famílias, da mulher
e do marido incluindo os seus antepassados; garante a protec ção da mulher na família do
marido mesmo após a sua morte; permite com que a mulher continue na casa do marido
depois da morte do marido. (idem)
1.3 Vantagens do lobolo
Ajuda a fortificar a família, patriarcal, o direito do pai; substitui o registo oficial do
casamento; dificulta a dissolução do casamento, pois a mulher não pode abandonar o marido
sem que a este lhe seja restituído o lobolo; obriga os nubentes a tere m atenção um para com o
outro. Podemos denotar algumas d esvantagens do lobo lo que são: a mulher é reduzida a uma
situação de inferioridade pelo facto de ter sido paga: a rapariga casa e fica mercê da família
do marido, em caso da morte do marido ela pode ser entregue a um velho asqueroso; a
mulher trab alha para o marido e para os parentes dele, qu e lhe dão muito pouco em troca; o
lobolo atribui quase todos os direitos ao marido sobre a mulher, incluindo os de ofende -la, e a
mulher perde at é mesmo o direito de protestar. No caso de o lobolo e a soma do dinheiro .

19

Segundo JUNOD (1996:257) apresenta os seguintes efeitos de lobolo: toda a família do
homem toma parte nas cerimónias do casamento, sobretudo no dia em que o lobolo é levado
pelo noivo. Os membros masculinos do grupo têm o direito de opinar sobre os bois ou a soma
entreg ue. A mulher adquirida desta maneira é esposa aparentemente de todos os irmãos do
noivo, embora não lhes sejam permitidos ter relações sexuais com ela. Estes por sua vez
recebe -la-ão em herança quando o marido morrer. Os filhos pertencem ao pai, v ivem com ele
e usam seu apelido, onde os do sexo masculino fortificam a família e os do sexo feminino são
vendidos em casamento para em benefício da família.
1.4 Causas da desistência da prática do lobolo
Na visão MUSSANE (2009:15) lobolo , como uma forma tradicional de casamento rhonga , já
tinha deixado de ser frequente entre os habitantes desta região. São vários os factores
apontados como causa disso e, entre eles muitos apontaram a carestia de vida, o
enfraquecimento da tradição, e a mi gração interna e externa provocadas pela guerra. Os mais
velhos apontavam o dedo para as políticas definidas pelo governo no período pós –
independência como causa deste e outras mudanças havidas na vida da comunidade .
Antigamente, entend ia-se tradicionalmen te que o lobolo era feito através de gado bovino por
ser um bem simbólico e de prestígio , de acordo com COSTA (2005:78). O número de cabeça
envolvida na transacção dependia das negociações entre as duas famílias. Actualmente
aceitam -se valores monetários, sujeitos também a negociação consoante as possibilidades
económicas da família do futuro marido e do nível de formação académica e profissional da
rapariga. Presentemente muitos dos bens transacionados (roupa, anel e dinheiro) ainda
conservam essa conotaç ão.
O estatuto de casamento e de matern idade, ainda constitui um factor de grande peso cultural
e social nesta comunidade.
Numa outra abordagem MUSSANE (2009:30), diz que esta prática cultural vem sendo
arrastada pela esquerda devido a vários factores tais como : a prostituição, a poligamia, a falta
de ensinamentos tais como aqueles que anteriormente eram dadas as meninas nos ritos de
iniciação ou integração . Portanto esses factos banem o valo r cultural e moral da sociedade, o
autor acrescenta também que na educação colonial os missionários orientavam os alunos para
uma catequese desenraizada da tradição e divulgada em nível nacional, sem se preocupar com
a diversidade sociocultural dos vários gr upos populacionais moçambic anos, segundo

20

MUSSANE (2009:32) testemunha que: “ a evangelização missionária esqueceu -se de ver na
cultura dos povos bantu os valores e a riqueza que possuía, tentou desprezá -la e preteri -la
coercitivamente ”.
Já para CABAÇO, (2007:399) c om advento da independência o poder tradicional era
acusado, pela Frelimo, de representar um obstáculo à acção anticolonial e de se “opô r à
ciência, à técnica e ao progresso”, preconizando meios e práticas insuficientes para fazer
frente ao poder ocupante .
Pois muitos antropólogos moçambicanos e estrang eiros vem o lobolo como uma prática
cultural que deve ser assegurada pelos mais velhos que significam a autoridade tradicional,
pois eles sabem melhor as experiê ncias, na medida em que as desvalorizamos os nossos
traços culturais são desfeito s tornando -os nulo no seio patriótico mundial, ora a presente
afirmação é sustentada por Alcinda Honwana, antropóloga, que transcreve as afirmações de
um chefe tradicional, numa entrevista:
Com o fim do pode r dos chefes tradicionais as pessoas deixaram de usufruir a
protecção dos antepassados e as coisas começaram a correr mal . Toda a vida da
comunidade ficou destruída, pois já não havia respeito pelos velhos, respeito pelos
antepassados, respeito pelas tradições, HONWANA (2002: 171).
Se por um lado a luta de libertação foi vista pelos moçambicanos como legítima, enquanto os
libertava dos colonizadores, por outras razões as acções do poder, Frelimo, não foram vistas
como legitimas e isto fez com que o campo de suporte ruísse nas bases. Uma vez retirado
todo o mecanismo d e controlo so cial tradicional, apareceu a apatia e a indiferença.

21

Capitulo II : Breve caracterização do D istrito de Namacurra
2.1 Localização, superfície e população .
O Distrito de Namacurra está localizado a Sul da província da Zambézia, fazendo fronteira a
Norte com o Distrito de Mocuba, a Oeste com o D istrito de Nicoadala, a Sul com Oceano
Índico e a Este com o Distrito de Maganja da Costa.
Com uma superfície 1 de 2.041 km 2 e uma população recenseada em 1997 de 160.879
habitantes e estimada, à data de 1/1/2005, em 200.915 habitantes, o Distrito tem uma
densidade populacional de 99.1 hab itantes, por km 2. A relação de depe ndência económica
potencial é aproximadamente 1:1, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 10 pessoas
em idade activa. MAE ( 2004:8) .
2.2 Demografia
MAE (2004:10) , o Distrito tem uma superfície de 2.041 km 2 e uma população, à data de
1/1/2005, de 201 mil habitantes. Com uma densidade populacional de 99 habitantes por km 2,
estima -se que o Distrito atinja, em 2010, os 218 mil habitantes. Com uma população jovem
(47%, abaixo dos 15 anos) e um índice de masculinidade de 47%, a taxa de urbanização do
Distrito é de 2%, concentrada na Vila de Namacurra. A população é jovem (47%, abaixo dos
15 anos de idade), maioritariamente feminina (taxa de masculinidade de 47%) e de matriz
rural (taxa de urbanização de 2%). A estrutura etária da população do Distrito reflecte uma
relação de dependência económica de 1:1, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 10
pessoas em idade activa.
Tabe la2: Grupo etário da população
Grupos etários
Total 0 – 4 5 -14 15 – 44 45 -64 65+
Distrito de
Namacurra 200.915 36.613 57.339 84.061 17.969 4.934
Homens 95.310 18.000 29.683 36.122 8.592 2.914
Mulheres 105.605 18.613 27.656 47.939 9.376 2.021
Fonte : MAE (2005).

22

2.3 Línguas Faladas
Tendo por l íngua materna dominante o Echuabo , 70% da população do distrito com 5 ou
mais anos de idade não sabem português, sendo o seu conhecimento preferencial nos homens,
dada a maior inserção na vida social e escolar e no mercado de trabalho. (MAE,2004:8)
2.4 Analfabetismo
Com 78% da população analfabeta, predominantemente mulheres, a taxa de escolarização no
Distrito é baixa, constatando -se que somente 32% dos habitantes 2 frequentam ou já
frequentaram a escola
Tabela 3 : População , segundo o estado civil e a crença religios a.
Com <12
anos Com 12 anos ou mais por estado civil
Total Solteiro Casado ou
união Separado ou
divorciado Vivas
39.2% 60.8% 17. 5% 37.7% 2.4% 3.1%
Com crença religiosa
Total Muçulmana Católico T. jeová Evangélica Outras
100% 39,9% 21,8% 9.3% 19.9% 8,9%
Fonte: MAE, 2005
2.5 História e Cultura
Reza a história que o nome de Namacurra tem origem num facto que ocorreu durante uma
caçada de elefantes. Depois de abatido o animal, e quando os caçadores procediam ao seu
esquartejamento , terão comentado em língua local o seguinte: NHAMA EDGE -KZXO
MAKURA, o que significava que a carne do animal era bastante gordurosa. Um grupo de
investigadores portugueses que por ali passava m, tendo ouvido essa expressão, logo a
adoptaram para designar aquele lo cal, que na forma aportuguesada passou a ser pronunciado
Namacurra. ( MAE , 2005 :7)

23

2.5 Datas históricas do Distrito de Namacurra no tempo colonial
Em 1939, o primeiro Chefe do Posto de nome Saul Dias Rafael mandou construir um
edifício, actual Sede do Partido Frelimo; um Hospital e a Escola da Coroa. Em 1946, chegou
aquele que foi o 1ș Administrador do Distrito, de nome Nelson Saraiva Bravo, que mand ou
construir a residência do Administrador; uma casa para o aspirante (actual casa de hóspedes);
casas para os sipaios; uma fonte de água, ruas e passeios.
Em 1947, chegaram os primeiros padres católicos, foi construída a 1ă Igreja Católica de
Malinguine, em material precário, realizado o 1ș baptismo e sob orientação destes padres
construído o Centro Internato de Malinguine. Em 1951, chega o 2ș Administrador de nome
Mário Marques de Matos, que mandou construir a Secretaria da Administração; Mercado
Centra l; Cadeia; uma capela e uma escola (actual Comando da PRM e hospital). MAE
(2004 ).
2.5.1 Objectivo dos colonos portugueses em Namacurra
Ao fixarem -se em Cogodane, nas margens do rio Namacurra, o objectivo dos portugueses era
de construírem ali uma fábrica de açúcar, tendo a obra sido contratada a um Eng. Inglês. A
fábrica foi posteriormente destruída pelo próprio engenheiro, na sequência do não
cumprimento do contrato por parte dos portugueses que não efectuaram o pagamento da obra.
Para a lém desta fábrica de açúcar, o D istrito tinha mais duas fábricas de sisal, em Munjaiana
Naci aia, MAE (2004 ).
2.6 Clima, Relevo e Solo
O clima do Distrito é predominantemente do tipo “Tropical Chuvoso de Savana – AW”
(classificação de Köppen), com duas estações distintas, a estação chuvosa e a seca. A
precipitação média anual é cerca de 1.169 mm, enquanto a evapotranspiração potencial média
anual é cerca de 1.533 mm, DAPZ ( 2004:9) .
A maior queda pluviométrica ocorre sobretudo nos meses de Novembro de um ano a Abril do
ano seguinte, variando significativamente na quantidade e distribuição, quer durante o ano,
quer de ano para ano, e a temperatura média está na ordem dos 25.7șC.
Geomo rfologicamente o distrito é repartido em duas unidades principais, nomeadamente:

24

 A Bacia Sedimentar que compreende sedimentos recentes do Quaternário constituído
pelas dunas costeiras consociadas as areias hidromórficas, sedimentos fluvio –
marinhos (manga is) e os aluviões dos rios, e mais ainda a plataforma dos manangas
que constituem sedimentos do Terciário;
 Mais para o Norte o D istrito é complementado pelo relevo declivoso derivado das
Rochas Metamórficas e Eruptivas do Pré -Câmbrico, conhecido também po r
Complexo Gnaisso -granítico do Moçambique Belt, de onde derivam solos residuais
com texturas que variam desde arenosa a argilosa e solos de profundidade rasa a solos
muito profundos. DAPZ ( 2004:9) .
2.7 Cenário Político Actual e a Sociedade Civil
A liderança tradicional é assegurada pelos seguintes representantes do poder ao nível da
comunidade: Régulos e Secretários de Bairros; Chefes de Grupos de Povoações; Chefe da
Povoação; Chingore; Outras personalidades na comunidade respeitadas e legitimadas p elo
seu papel social, cultural, económico e religioso. MAE ( 2004:8)
Colaboração na manutenção da Paz e harmonia social;
Na liderança tradicional existe uma espécie de divisão de trabalho e de funções entre os
diferentes líderes das comunidades. Assim, os Secretários têm hoje como função principal a
mobilização da comunidade para as tarefas sociais e económicas. Os líderes tradicionais
tratam principalmente dos aspectos tradicionais, tais como, cerimónias, ritos e conflitos
sociais. idem
MAE (2004:9) , no âm bito da implementação do Decreto 15/2000 sobre as autoridades
comunitárias de 1ă e 2ă linha (régulos, chefes de terras e secretários de bairro), de acordo com
as entidades provinciais e distritais, foi levado a cabo um trabalho de divulgação do mesmo
em to dos os Postos Administrativos, Localidades, Aldeias e Povoações, tendo sido
envolvidas todas as camadas sociais.
Das 41 Autoridades Comunitárias do 1ș Escalão foram reconhecidas 34. No 2ș escalão foram
legitimados 131 líderes, sendo 30 Chefes Tradicionais , 101 Secretários de Povoados. Não
houve nenhum reconhecimento. No 3ș Escalão foram legitimados 355 Líderes Comunitários,

25

sendo 349 Chefes de Zona (1 mulher) e 6 Chefes Tradicionais de Zona. Igualmente neste
escalão, nenhum líder foi reconhecido.
A relaçã o entre a Administração do Distrito e as Autoridades Comunitárias é positiva e tem
contribuído para a solução dos vários problemas locais, nomeadamente os surgidos devido
aos con flitos de terras existentes no D istrito e outros que caem no âmbito das suas
competências, nomeadamente:
Articulação com os tribunais comunitários na resolução de conflitos de natureza civil,
tomando em conta os usos e costumes locais; Mobilização e organização das populações para
construção e manutenção de fontes de abastecimento de água e aumento da área de produção;
Mobilização das comunidades locais na manutenção das vias de acesso, locais sagrados e
construção de latrinas melhoradas; Educação cívica das comunidades sobre o uso sustentável
e gestão de recursos naturais, incluind o a prevenção das queimadas descontroladas e caça
ilegal; Mobilização e organização das populações para o pagamento do Imposto de
Reconstrução Nacional; Mobilização dos pais e encarregados de educação para mandarem os
seus filhos à escola, principalmente a s raparigas; e Divulgação das Leis, deliberação dos
Órgãos Locais do estado e outras informações úteis à comunidade. MAE ( 2004:9)
Através dos líderes comunitários, as populações têm -se envolvido na busca de soluções para
os problemas existentes, nomeadamen te, no combate à criminalidade, em colaboração com a
Polícia Comunitária, através da apreensão e denúncia de delinquentes; no combate ao cultivo,
consumo e comercialização de estupefacientes (suruma); na abertura de vias de acesso; na
confecção de tijolos no âmbito do programa de “c omida por trabalho ” e na abertura de poços
comunitários usando material convencional ou local.
A religião dominante é Cristão, praticada pela maioria da população do distrito . Existem
outras crenças no Distrito , sendo prática corrente que os representantes das hierarquias
religiosas se envolvam, em coordenação com as autoridades distritais, em várias actividades
de índole social. Idem

26

2.8 Economia e Serviços
A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agr egados familiares. De um
modo geral, a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares em
regime de consociação de culturas com base em variedades locais. DAPZ ( 2004 ).
A produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro, nem sempre bem
sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas é alto, dada a baixa capacidade de
armazenamento de humidade no solo durante o período de crescimento das culturas.
O sistema de produção predominante nos solos de textura pesada e mal drenados é a
monocultura de arroz pluvial (na época chuvosa) seguida por batata -doce em regime de
camalhões ou matutos (época fresca), enquanto nos solos moderadamente bem drenados
predo minam as consociações de milho, mapira, mexoeira, mandio ca e feijões N hemba e
Boer. Este sistema de produção é ainda complementado por criações de espécies como gado
bovino, caprino, e aves. DAPZ ( 2004:9)
As cheias que assolaram o Distrito em 2000/01 foram devastadoras, levando a perdas
significativas na campanha agrícola e afectand o grande parte da população do D istrito.
Somente em 2003, após o período de seca e estiagem que se seguiu e a reabilitação de
algumas infra -estruturas, se reiniciou timida mente a exploração agrícola do D istrito e a
recuperação dos níveis de produção.
O fomento pecuário no Distrito tem sido fraco. Porém, dada a tradição na criação de gado e
algumas infra -estruturas existentes, verificou -se algum crescimento do efectivo pecuário.
Dada a existência de áreas de pastagem, há condições para o desenvolvimento da pecuária,
sendo as doenças e a falta de fundos e de serviços de extensão, os principais obstáculos ao
seu desenvolvimento. As espécies nativas como maior potencial são, o pau -ferro, umbila e
jambirre. A madeira e outros materiais locais são usados pelas populações do Distrito na
edificação de habitações. A lenha e o carvão são as fontes de energia mais importantes.
As árvores com potencial comercial são os cajueiros e os coqueiro s. O distrito possui
mangueiras, laranjeiras, tangerineiras, bananeiras, limoeiros, papaieiras, goiabeiras e
coqueiros. Os frutos e derivados são vendidos localmente mas também costumam aparecer no
distrito comerciantes provenientes da capital provincial p ara comprar os produtos.

27

A pesca e a caça são um suplemento importante para a dieta das famílias. As espécies
mais caçadas são a gazela, o porco -do-mato, o coelho e a ratazana. Sendo um Distrito
costeiro, o peixe provém essencialmente do mar. A fauna bravia existente no Distrito
tem potencial com ercial e turístico. Existem no D istrito hipopótamos, gazelas e
porcos -do-mato. Segundo MAE, (2005:6).
A pequena indústria local (pesca, carpintaria e arte sanato) surge como alternativa à actividade
agrícola, ou prolongamento da sua actividade. Existem 2 fábricas destruídas (uma de
processamento de castanha de cajú e outra de sisal); existem 2 fábricas de panificação e um
posto de abastecimento de combustíve l.
Grande parte da actividade comercial do Distrito de Namacurra relaciona -se com a
agricultura e está confinada aos mercados locais. Apesar disso, há comerciantes de distritos
vizinhos que vêm a Namacurra comprar produtos locais, sendo frequente as pesso as de
Namacurra deslocarem -se aos distritos próximos (Nicoadala) e às cidades de Mocuba e
Quelimane para comprar alimentos.
Não existe nenhuma in stituição bancária a operar no D istrito, nem nenhum sistema formal de
crédito em condições acessíveis aos oper adores locais. As possibilidades de acesso ao crédito
derivam de prática no sector informal, nomeadamente dos comerciantes locais e dos
familiares dos interessados. MAE ( 2005:7) .

28

Capitulo III : Apresentação, análise e interpretação de dados.
Nesta etapa o autor recorreu a técnica de descrição, pois ela permitiu ao pesquisador a tarefa
de defrontar -se, representar na forma falada ou escrita o quer comunicar, no entendimento as
necessidades emocionais, psíquicas, sociais e económicas, enfim a existência do m undo re al
em que vive. Esta técnica foi fundamental, para a estruturação do problema e a sua
representação.
Ao longo da apresentação dos dados entrevistados recorreu -se a codificação que segundo
MARCONI e LAKATOS (2001:126), nesta técnica os dados são cate gorizados e
transformados em símbolos ou números, e, este processo engloba classificação e atribuição
de códigos. Assim o processo de codificação das entrevistas sobre o desuso da prática do
lobolo no D istrito de Namacurra: Localidade de Mexixine obedece s eguintes símbolos “A”
para designar ancião, “LR”: líder religioso, “MSC ”: Membros da sociedade civil.
Na apresentação dos resultados recorreu -se a codificação das respostas dadas pelos
intervenientes na pesquisa, tal como acontece numa investigação qualita tiva, que é o caso
desta monografia, o autor demonstra a percepção dos actores sobre as causas do desuso da
prática do lobolo na Localidade de Mexixine. Os dados foram analisados a partir das
transcrições literárias das respostas que posteriormente foram c onfrontados com concepções
teóricas das entrevistas a respeito do assunto.
3.1 Conceito do lobolo
O lobolo é uma prá tica antiga mas conceitua da como testemunho ou uma cerimó nia
matrimonial que simboliza a união de duas pessoas na presença dos seus familiares referente
a passagem de responsabilidades da rapariga dos seus familiares para os familiares do marido
tradicionalmente a mulher passa a ser uma propriedade do marido, onde ela esta obrigada ao
cumprimento de deveres e com poucos direitos.
Em re lação ao conceito o autor do presente trabalho levantou a seguinte questão “ o que é o
lobolo ” os nossos intervenientes contribuíram afirmando que:
O lobolo é uma cerimónia que simboliza a união marital entre dois cônjuges, onde a mulher deixa de
viver na sua família, e passa a viver com família do marido. E o lobolo é uma festa que simboliza um
rito de passagem de responsabilidades sobre a mulher que pretende ser casada, aqui na nossa terra é
testemunhada pelos familiares de ambas partes, os tios, os pais e os familiares mais próximos. Em
nossa língua chama -se mathelo, para se chegar a fase do lobolo existem duas etapas que são

29

weddelela, ofiedha e mais tarde realiza -se o pethe, ou matelo que significa o lobolo. Esta prática
consiste numa união integral e acontecia apenas nos nossos tempos antes da entrada da Frelimo. (A1,
2016 ,cp).
O referido pelos nossos interlocutores mostra semelhanças com o conceito de lobolo dado por
MUSSANE (2009:12), no qual o lobolo é um costume matrimonial em que o grupo do noivo
leva uma compensação a outro grupo, o da noiva, para restabelecer o equilíbrio entre as
famílias que compõem o clã. O noivo e o seu grupo adquirem, desta forma, um novo membro
(mulher).
Nesta vertente o lobolo mais do que um casamento de carater tradicion al ou indígena
representa uma forma de união entre os nubentes onde os testemunhas oste nta um papel de
grande relevo no novo casal. Embora signifique a passagem da mulher da sua família para
pertencer a família d o marido ela é nesta cerimónia revestida de responsabilidades sobre o
seu marido.
Pois pelo conceito esta claro que esta p rática tradicional não só se prá tica no sul mas sim por
todo Pais, o que difere entre os nacionais é a linguagem que usada na sua referência,
enquanto o sul denomina lobolo, a região centro mas concretamente em Mexixine onde foi o
foco do nosso estudo esta prática denomina -se Pethe ou Matelo. Portanto esta opinião nos faz
validar a ideia pretendida por MUSSANE (2009:29) se opondo a Singulane, que afirma ser
difícil delimitar a s ua região por se tratar de uma simbologia que qualquer individuo passa
por ela, facto este que não pode ser exclusivamente para o sul de Moçambique, mas sim de
toda África e Moçambique em particular.
3.2 Fases do lobolo
Tal como qualquer união matrimonial desde os oficiais aos tradicionais , nas comunidades
matriarcais e patriarcais, obedece -se uma ordem de eventos sucessivos que culminam com a
união dos cônjuges o que mais tarde chamamos de casamento em Português, lobolo (valido
para línguas bantu), pethe o u matelo (em echuabo), e semba (em Sena). Portanto exposta a
Questão sobre as fases do lobolo em Mexixine os nossos intervenientes foram opostos ao
afirmarem primeiro que:
O lobolo se diferencia com o Pethe na medida em que o pethe significa uma apresentaç ão extra –
oficial do rapaz com apenas uma pessoa da família que levando uma bugiganga como um pacote de
cigarro ou uma garrafa de nipa chegam a casa dos pais para apenas dignificar a menina e planejar o

30

dia para a apresentação ou do lobolo. Enquanto já o lobolo é cerimónia da união matrimonial entre
cônjuges e é dignificado pela presença de várias bugigangas tais como comida, musica, dança,
presença de todos familiares. (LR1, 2016 , cp)
Em virtude desta opinião outros intervenientes se opunham acreditando qu e não havia diferença entre
o lobolo e o pethe ou matelo apenas “ o pethe refere -se as coisas que as pessoas apresentam no lobolo
dentre os quais dinheiro, roupa e outras pequenas coisas de valor” (MSC1, 2016 , cp).
Em relação a questão que se relaciona com o conceito do lobolo outros preferiram demostrar
as fases e diferencia -las de tal forma que os entrevistados demostram a sequencia que parte
do weddelela, a seguir ofieddha e mais tarde o matelo que é representado por pethe o que
culmina com o lobolo, mas estes descreveram estas fazes da seguinte forma:
Primeiro começamos por sondar a menina desde o comportamento dela na comunidade, perguntamos
aos seus mais próximos qual tem sido o comportamento sexual se é virgem ou se já começou a
manifestar o interesse pelos homens se faz trabalho ou se é preguiçosa a isto chamamos de wedelela ,
em segundo é ofiedha que se concretiza na medida em que o rapaz mos tra o interesse pela menina,
após colher alguma informação sobre ela, e manda a sua família que pode ser pai ou mãe ou ainda tio
para poderem chegar e pedi -la em casamento e que em companhia levam algo que pode ser um maço
de cigarro ou tabaco (fola), ou ainda pode ser uma garrafa de nipa para poder chegar e pedir a sua mão
em casamento. Quando os pais da menina, co m ou sem consentimento da menina, aceitam a proposta,
anuncia -se de seguida a data ou dia para poder apresenta -los oficialmente a família. Dai segue -se o
lobolo que corresponde a ultima fase da sequência, onde, na noite que antecede o casamento os pais
do rapaz saem da sua casa para o primeiro ritual onde são recebidos pela estrada na casa da esposa por
um banho de á gua limpa que significa que a sua presença é pacifica e como notas de boas vindas.
Após o ritual vão a casa na tarde do outro dia trazem o peth e (representa as bugigangas) que deve ser
constituído por casaco, calcas camisa, gravata e sapatos para o pai (tio paterno em casos de não ter) da
noiva e capulanas em quantidade não especificada para a mãe (tia matrilinear em caso de ser órfã de
Mãe) e al guma quantidade de dinheiro. Apó s a entrega destas coisas as pessoas celebram o
casamento, dançam, bem e alegram -se em sinal da união matrimonial (MCS 3, A, LR4, 2016 ,cp).
O descrito acima leva -nos a ideia de JUNOD (1996:198) segundo a qual, o lobol o é foco de
representações de mudanças locais porque ele institui o sistema de parentesco e nos apresenta
desta forma, um conjunto complexo de normas, de práticas e de padrões de comportamento
entre os parentes.
Nos torna relevante trazer a visão de que a sua substituição com os casamentos actuais nos
trazem certas consequências na sociedade poi s se de um lado a substituição é positiva porque

31

a mulher encontra o seu espaço de actuação pelos seus direitos já conhecidos e divulgados,
por outro lado a substit uição poderá nos levar ao lugar incerto aonde estaremos a viver sem
conhecer os nossos parentes e longe da nossa tradição dado a complexidade que as nossas leis
trazem a mentalidade da mulher moderna.
Porém o lobolo corresponde um casamento mútuo de muita confiança dada a sequencias ou
as rondas que descrevemos anteriormente, poís dá a conhecer a família do marido o
comportamento do novo membro adquirido na família e deixa confiança nos familiares que
dão a filha em casamento. Podendo assim firmar uma famí lia fortificada e sem possíveis
abandonos as crianças e a mulher dai que torna possível a consciencialização constante da
rapariga pelos seus familiares de modo a fortificar o lar.
3.3 A importância da Prática do Lobolo
O lobolo como sendo uma união entre dois individuo e, que é por uma vontade mútua na
sociedade ela garante a segurança da família e das crianças, porque em casos de perca de vida
do pai, os filhos e a Mãe são assegurados pela família do marido. Em relação a sua
importância para melhor perceb er esta questão o autor levantou a seguinte questão: “que
importância tem o lobolo para a vossa comunidade?” E, os n ossos intervenientes reagiram
respondendo da seguinte forma:
O lobolo nas nossas comunidades garante respeito mútuo entre a mulher e o homem casado com a
família de ambos dá segurança as crianças quanto a paternidade porque o pai não nega como acontece
nos nossos dias, o lobolo assegura que ambos sejam fieis um ao o utro, e dá a comunidade a missão de
fiscalizar um ao outro sem medo. (MSC,18, 2016 , cp).
Embora tenha as suas vantagens na segurança da família e na garantia de um lugar para o
novo membro adquirido na comunidade a quem diz que o lobolo exerceu um impacto
bastante negativo para a comunidade passada dado que as mulheres passaram muita
humilhação com os seus maridos e a sua não prá tica na actualidade tem sido a melhor opção.
Portanto segundo os seus argumentos ele reafirma que :
O lobolo não tem nenhuma import ância para por exemplo a mulher dado que o homem quando a tem
considera como um instrumento de casa que pode fazer tudo em simultâneo, lavar roupa, carregar
criança, ir a machamba, atender fam iliares do marido e o marido até decide para ela se pode ou não
passear, como se não basta -se pela sua natureza o lobolo em algum momento acontece contra a

32

vontade da mulher. As pessoas não têm uma idade certa e é tida como prática logo que a mulher tem a
primeira menstruação (MSC. 20, 201 6,cp).
Ora, se olharmos a falta da consideração da mulher como algo erado chegaremos a afirmar
que esta possa ser uma caus a do desuso desta prá tica, todavia nas sociedades antigas este
facto se fazia sentir como algo normal dado que graças ao advento do multipartidarismo ou
da demo cracia , Moçambique teve que aderir as leis e convenções que contribuíram para a
divulgação das leis em defesa da mulher; pois como afirma o nosso contactado:
Antes da vinda do partido no poder aqui no Mexixine era tudo calmo as mulheres os homens
obedeciam as nossas tradições culturais, tanto os homens como qualquer um e isto era bom tínhamos
nossa maneira de viver e lobolo era uma boa prática de casar alé m dessas do registo e da igreja on de
depois da mulher casar amanh ã lhe apanha com outro homem e a famíl ia não diz nada, as pessoas
perderam o controle de tudo, há proliferação de muitas doenças, crianças sem pai na comunidade
porque o suposto pai negou dai a mãe tem que aguentar com as despesas no final temos crianças
dezescolarizadas igual a mim que nasci quando não havia escola, (A2, 2016 , cp).
Posto isto, o autor cré que o lobolo era uma prática de grande importância para a comunidade
dado que ela ajudava a padronizar a vida da população, e integrava os familiares na vida dos
recém lobolados na medida em que estes faziam parte de fiscais e conselheiros sobre as boas
maneiras no lar algo que permitia a eternização dos valores morais e éticos da comunidade. E
segundo o observado que foi constante nessas comunidades por aquelas pessoas que viveram
este moment o ficou claro que o lobolo ajuda a fortificar a família patriarcal ou matriarcal no
seu direito de pai; dificulta a dissolução do casamento, pois a mulher não pode abandonar o
marido sem que a este lhe seja restituído o lobolo; obriga os nubentes a terem atenção, um
para com o outro.
Como se não bastasse para perceber a importância do lobolo para a comunidade, CIPRE,
(1992:44) adianta seis (6) funções fundamentais que são: transferência da capacidade
reprodutiva da mulher para o grupo familiar do marido; legalização e estabilização do
casamento; tomada de responsabilidade do marido e respectiva família pela manutenção e
bem-estar da mulher lobolada; legitimação dos filhos gerados pela mulher lobolada para
pertença do marido; meio de aquisição de outra unid ade reprodutiva para o grupo
enfraquecido.
Como se não bastasse RADCLIFFR -BROWN (1973:476), vai mais longe ao afirmar que o
lobolo como uma prática cultural desempenha as seguintes funções: traz segurança para a

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mulher que é lobolada e honra a própria famí lia desta mulher; une as duas famílias, da mulher
e do marido incluindo os seus antepassados; garante a protecção da mulher na família do
marido mesmo após a sua morte; permite com que a mulher continue na casa do marido
depois da morte do marido.
3.4 Causas do Desuso da Prática do Lobolo
O lobolo constitui uma tradição que fortifica o lar entre os casais ou seja os aderentes pela
influência e participação de decisão que a sociedade pode ter para a vida dos dois, pois ela
ajuda a fortificar a relação p orque é comprovada pela existência de filhos entre o novo casal e
o respeito que a mulher tem com o seu esposo, e mais do que o casamento do registo actual,
ele tem mas valor nas sociedades tradicionais pela manutenção da ética do civismo e na
demostração da moral na comunidade.
Pois pela sua importância e valorização reconhecida pela sociedade, e, que, actualmente ela
foi abandonada, o autor para buscar as causas da desistência levantou a seguinte questão:
“quais são as reais causas do desuso da prática do lobolo nesta comunidade?” os nossos
intervenientes avançaram que:
Uma das causas que contri bui para a desistência desta prá tica nas nossas sociedades é a fa lta de
respeito que o marido apó s adquirir o membro para a família envés de trata -lo como sua espo sa fazia
o de seu trabalhador pelo facto de ter pago dinheiro a família e ela não ter direito a reclamação, pois
estas não estavam bem -educadas e, na educação feminina tradicional a mulher era submissa ao
silêncio, as pessoas tinham pouco conhecimento da c aneta e com a educação no período pós
independência a mulher percebeu qual o seu real papel na sociedade. (A1, 201 6,cp).
Estas evidencias mostrada pelo entrevistado acima citado foi repetido varias vezes que a
principal causa de desistência desta prática é o desrespeito social que fazia -se sentir na
sociedade que enveredavam por caminho s que deprimiam a mulher, não só como também
sujeitam a mulher com a prática dos actos imorais a democracia, e a procura da liberdade pela
rapariga, foi uma das causas, segun do testemunha um dos nossos entrevistados que afirmou:
Deixamos de práticar isto só agora com a vinda da Frelimo porque as leis agora são as mais duras e
depois com o catolicismo que traz os actos evangélicos ajuda a levantar a ética os valores sobre o
corpo humano. No nosso tempo depois de lobola rmos uma mulher, e depois essa mulher ter filhos e
mais tarde o homem morrer, essa mulher era obrigada a casar com um dos irmãos ou tio do falecido
para poder garantir a paternidade e a segurança das crianças e da mulher. E se por acaso ser a mulher
que morre ou não faz filhos a família da mulher é por norma obrigada a levar uma das irmãs ou

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sobrinha da mulher anterior para o marido de forma a poder garantir a não devolução do lobolo. E,
eram doenças que se espalhav am, feitiço que se proliferava na sociedade e consequentemente odio
entre família. E estes actos levaram a comunidade a mudar as suas maneiras de viver (LR3, 201 6,cp).
Pois além das causas mencionadas acima sobre a imoralidade que caracterizava a prática d o
lobolo MUSSANE (2009:15), avança vários outros factores apontados como causa disso e,
entre eles: a carestia de vida, o enfraquecimento da tradição, e a migração interna e externa
provocadas pela guerra, as políticas definidas pelo governo no período pós -independência, e a
formação académica e profissional da rapariga, como causas do desuso da prática do lobolo.
Todavia na tentativa de perceber a origem do problema, COSTA ( 2005:78), acrescenta que
esta prática cultural vem sendo arrastada pela esquerda de vido a vários factores tais como: a
prostituição, a poligamia, a falta de ensinamentos tais como aqueles que anteriormente eram
dadas as meninas nos ritos de iniciação. Portanto esses factos banem o valor cultural e moral
da sociedade. O autor acrescenta t ambém que na educação colonial os missionários
orientavam os alunos para uma catequese desenraizada da tradição e divulgada em nível
nacional, sem se preocupar com a diversidade sociocultural dos vários grupos populacionais
moçambicanos.
Segundo como refor ça Cabaço, um a das causas do desuso desta prá tica foi o desanuviamento
do poder dos chefes tradicionais que velavam na transmissão e segurança dos conhecimentos
tradicionais que identificam uma dada cultura, todavia ele afirma que:
Com o fim do poder dos chefes tradicionais as pessoas deixaram de usufruir a protecção dos
antepassados e as coisas começaram a correr mal. Toda a vida da comunidade ficou destruída, pois já
não havia respeito pelos velhos, respeito pelos antepas sados, respeito pelas tradições. CABAÇO
(2002: 171).
Portanto este leque faz demonstrar que a população não o faz por intenção mas sim a
desistência desta prá tica é, e, tem sido acompanhada pela dinâmica do tempo facto este que
faz o autor validar a hipótese segundo a qual o desuso da prá tica do lobolo pode estar ligada
as constantes mudança ou abalos das suas instituições sociais , dado que o mundo na
actualidade luta para ingressar numa cultura global onde as práticas tendem a ser
universalizadas por todas as populações.

35

E, que estas mud anças têm sido levadas a cabo na medida em que as pessoas tornam mais
escolarizadas, as leis são divulgadas pelas midias, e são promovidos vários debates que têm
em vista o bem -estar social da rapariga na comunidade.
3.5 Consequência do Desuso do Lobolo
As nossas práticas tradicionais ou culturais identificam cada povo q uanto a sua origem, étnica
ou até quanto aos seus hábitos e costumes. Portanto sendo o lobolo uma prá tica de união
matrimonial que servia para dar a conhecer a sociedade que contava com mais um par, o seu
rompimento veio criar no seio da mesma vários contornos éticos e morais que se podem
resumir, segundo o nosso interlocutor em:
Falta de respeito aos mais velhos, falta de consideração da mulher, pois na actualidade as mulheres
fazem do seu corpo uma mercadoria que pode ser vendida e comprada por quem quer que seja, o mau
traje que provem da falta dos conselhos dos mais velhos as gerações vindouras, a proliferação da
prostituição das mulheres e dos homens faz com que as pessoas não sintam car inho um do outro e
haja esta necessidade de casar, dai que ao rapazes so fazem filhos e os abandonam, as vezes negam e
até fogem das responsabilidade dos seus filhos e das suas mulheres, (MSC 11, 2016 , cp).
Posto isto, é correcto dizer que o desuso da prá tica do lobolo trouxe apenas consequências
negativas para as nossas comunidades, pois a sociedade já se sente abalada pelas incógnitas
da globalização que tem contribuído para a desagregação de culturas e impondo a sociedade o
caminho único para a aderênci a a globalização ou seja a uma cultura ocidental. Por outro lado
a cerca da questão sobre “ quais as consequências do desuso da prática do lobolo ” um dos
nossos entrevistados foi mais longe ao declarar o seguinte:
O desuso desta prática é bem -vinda na soc iedade porque agora as raparigas têm a possibilidade de
escolher com quem deve casar, agora a mulher ganhou a liberdade de se definir perante a comunidade
em que se encontra, agora já é possível evitar a falta de respeito dos homens, e ter um casamento
perfeito, pois o sucesso de um casal depende do gosto que há nos dois e não da imposição como
acontec ia com esta prática (MSC15, 2016 ,cp).
Estas opiniões contrárias mostram claramente que a luz das leis e das teorias feministas que
vem sendo divulgada pelos midias, que constitui o principal instrumento da globalização, tem
consciencializado a sociedade sobre os seus direitos o que orienta -os para uma cultura mais
ocidental única e globalizada como resultado da inculturação mental onde as pessoas perdem
a sua identidade .

36

A ideia anteriormente descrita é comungada por MUSSANE (2009:30), na medida em que
ele afirma que o desuso do lobolo traz consequências negativas a uma sociedade pois ela esta
sujeita a perca de identidade, a prostituição, a poligamia, e a perc a do valor da mulher, porque
a sua relevância será por si imposta através da vaidade e no desrespeito as ordens do marido.
O que existe nas pessoas actualmente que seja negativo para a sociedade é o simples facto de
eles caminharem num mesmo rumo sem noçã o das consequências que podem advir para cada
uma delas, ora vejamos o exemplo que nos é trazido por nosso intercetado:
Essas coisas de dizermos que há lei que defende a mulher cria conflitos na comunidade entre a mulher
e o marido na medida em que ela des obedece os pedidos do seu esposo clamando pelos direitos da
mulher, ora vejamos: uma vez uma mulher discutiu com o seu marido chegaram a lutar e ela partiu o
seu esposo, posto isto ela achava que tinha razão porque vinha da escola e o seu marido da machamba
ela alegou que não podia tirar água na fonte para o seu marido porque estava c ansada. Idos a
autoridade ela foi presa, perdeu o lar, perdeu marido e perdeu o respeito na sociedade e pelos seus
filhos e familiares. Então quem saiu a perder?
Dado isto percebeu -se que o caminhar em direção a globalização não pode necessariamente
signi ficar despir -se das nossas tradições, mas sim se queremos caminhar em direção a
globalização sabermos adequar as leis, as teorias femininistas a nossa realidade, as nossas
tradições, as nossas culturas, em fim os modos tradicionais da nossa região.

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4 Conclusão
Feito o confronto das opiniões que advieram das entrevistas com o nosso marco teórico
concluímos que o lobolo é um ritual matrimonial que consiste em dar a noivo um membro
que possa pertencer a sua família, que possa cumprir com as leis ostentan do o papel de
esposa, criadora e geradora de filhos para o seu esposo.
E na actualidade esta prá tica tem vindo a ser desistida porque há muito tempo a mulher não
tinha liberdade e só apenas vivia de deveres, era considerada de um objecto com função de
trabalhos domésticos e estava submissa ao seu marido, portanto com o advento da
democracia na entrada do governo no poder as leis se fizeram sentir e se refletiram pelo
aumento d e debates radiofónicos palestras constantes que tem acontecido nas rádios e
televi sões, fizeram com qu e a mulher se consciencializa sobre os seus direitos, os seus
deveres para consigo mesmo e o seu parceiro razão pela qual o lobolo foi renunciado na
comunidade em estudo.
Posto o referido acima o autor valida a hipótese segundo a qual o desuso da prática do lobolo
pode estar ligada as constantes mudança ou abalos das suas instituições sociais , dado que o
mundo, na actualidade as mesmas sociedades lutam para ingressar numa cultura global onde
as práticas tendem a ser universalizadas por todas as populações. E, que estas mudanças têm
sido levadas a cabo na medida em que as pessoas tornam mais escolariza das, as leis são
divulgadas pelo s midias, e são promovidos vários debates que têm em vista o bem -estar
social da rapariga na comunidade.
Portanto na medida em que esta mesma sociedade sofre estas constantes mudanças em
virtude da globalização, o desuso do lobolo tem consequências negativas que se resumem em
perca de identidade para a sociedade aderente, prostituição, nas cidades proliferação ou
aumento dos meninos de rua, mendicidade, desvalorização da cultura, dos hábitos e
costumes, mulheres abandonadas, desrespeito e desacato aos mais velhos criando cada vez
mais uma sociedade fora dos parâmetros morais e éticos da região.
Contudo há uma ne cessidade de olharmos o lobolo como uma tradição africana, uma forma
de união matrimonial que identifica a comunidade de Mexixine de modo a podermos
valorizar o encaixe da nossa cultura, que deve passar de geração em geração para os nossos
mais velhos. Ace itar o lobolo como a nossa forma de união matrimonial é indiscutivelmente
respeitar a nossa comunidade e eternizar os nossos antepassados.

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4.1 Sugestões
De modo a valorizar a prá tica do lobolo e promover o uso do lobolo como uma união
matrimonial sugere -se que:
 A comunidade desperte sobre as leis e procure acomoda -las de acordo com a sua
realidade tradicional;
 Os académicos ajudem as comunidades das zonas recônditas a valorizar a sua tradição
em virtude da cultura europeia, explicando sobre as possíveis co nsequências que
possam advir da aderência da cultura ocidental;
 Que os líderes, tradicionais, religiosos e comunitários transmitam a os valores morais,
culturais e éticos que a comunidade deve seguir na sua sociedade;
 Que os políticos promovam capacitaçõe s dos líderes tradicionais sobre o papel do
lobolo na comunidade, o papel do líder tradicional no garante das futuras gerações;
 Que se consciencialize a comunidade sobre o desuso da prática do lobolo, as suas
consequências, as suas vantagens e desvantagen s para que a sociedade tenha ideias de
que caminho estão a tomar;
 Que os agentes políticos adequem as convenções, as leis aos modus vivendo da
população mais recônditas das províncias e de Mexixine em particular de modo a
poder salvaguardar a sua identidad e sociocultural , seus hábito e costumes.

39

2. Bibliografia
CIPIRE, Felizardo. A Educação tradicional em Moçambique; Maputo: Emedil – 1992.
COSTA , Ana Bernard da “Há-de vir um senhor que é meu marido: relações de género na
periferia de Maputo ”, Lisboa. 2005
Direcção de Agricultura da Província da Zambézia, Balanço Quinquenal do Sector Agrário
da Província de Zambézia, Maio 2004.
FAO, o papel dos tribunais comunitários na prevenção e resolução de conflitos de terras e
outros, Maputo, 2002
GIL, António Carlos, método e técnicas em pesquisa social , 6ă ed, atlas, são Paulo, 2008
HOEBEL, E. Adamson & FROST, Everett. Antropologia Cultural e Social. São Paulo,
CULTRIX, 1995.
HONWANA , Alcinda, Espíritos Vivos, Tradições Modernas: posseção de espirítos e
reintegração social no pós -guerra no Sul de Moçambique , Publimedia. 2002
Instituto Nacional de Estatística, Estatísticas Sociais e Demográficas, CD, 2004.
JUNOD , Henri -Alexander ; usos e costumes dos bantos. Tomo I e II. Editora do Arquivo
Histórico de Moçambique, Lourenço Marques. 1996
LUCAS, Geraldo Cebola João, identidade e globalização: o casamento como componente do
património identitário nyúnguè ; Universidade Pedagógica – Niassa, Moçambique,
Revista Litteris 2011
Ministério da Administração Estatal, perfil do distrito de Namacurra província da Zambézia ,
serie 2005
MALINOWSKI, Bronislaw. Sexo, cultura e mito. London, Mayflower, 1967.
MARTÍNEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: Guia para o Estudo. 6ăed., Maputo,
Paulinas, 2009
Ministério da Administração Estatal, perfil do distrito de Namacurra província da Zambézia ,
serie 2005
MUSSANE, Guilherme Afonso A Kuna N‟ kinga: O lobolo como foco das representações
locais de mudança social, Rio de Janeiro, 2009
RADCLIFFE -BROWN , A.R, O irmão da mãe na África do Sul: Estrutura e Função na
Sociedade Primitiva . Vozes. Petrópolis, 1973,

40

__________________________ “Introdução”. In: RADCLIFFE -BROWN, A.R & FORD,
Daryll, Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casame nto. Gulbekian, Lisboa,
1974
SILVEIRA, Denisse Tolfo e GERHARDT, Tatiana Engel, técnica de pesquisa, Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2009.

A

Apêndices

B

Universidade Pedagógica
Delegação de Quelimane
Departamento d e Ciências Sociais
Curso de Licenciatura em ensino de História com Habilitações em Geografia
Roteiro de questões para entrevista ao ancião
Nome _____________________________ idade______ ocupação____________
1 Qual é o tipo de casamento mais frequente na vossa região?
a) Lobolo_____, b) casamento religioso ______, C) casamento no registo civil ____
2. Como tem sido feito o lobolo?
___________________________________________________________________________
____________________________________________________ _______________________
___________________________________________________________________________

3. Que importância tem o lobolo para a vossa comunidade?
___________________________________________________________________________
________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. Quais são as causas do desuso desta prática do lobolo ?
_______________________________________________________________________ ____
___________________________________________________________________________
5 Quais são as consequências que temos pelo desuso desta prática do lobolo para essa
comunidade?

Obrigado.

C

Universidade Pedagógica
Delegação de Quelimane
Departamento de Ciências Sociais
Curso de Licenciatura em ensino de História com Habilitações em Geografia
Roteiro de questões para entrevista líderes religiosos
Nome _____________________________ idade______ ocupação____________
1 Gostariamos de saber se nesta comunid ade existe algum casamento tradicional, e como se
chama?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________ __________________________
2. Que importân cia tem para a vossa comunidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________ ____________________________________________
3. Actualmente verifica -se o desuso do lobolo. Gostaríamos de saber as causas do desuso
desta prática nesta comunidade?
___________________________________________________________________________
________________ ___________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. Quais podem ser as medidas para valorizar a prática do lobolo na comunidade?
_________________________________________ __________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Obrigado

D

Universidade Pedagógica
Delegação de Quelimane
Departamento de Ciências Sociais
Curso de Licenciatura em ensino de História com Habilitações em Geografia
Roteiro de questões para entrevista membros da sociedade civil
Nome _____________________________ idade______ ocupação____________
1 O que é o lobolo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Que importân cia tem para a vossa comunidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3.Quais são as reais causas do desuso desta prática do lobolo nesta comunidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________ _____________________________________
4. O que é necessário para valorizar a prática do lobolo na comunidade? E qual pode ser o
papel da comunidade para o não desaparecimento do lobolo?
______________________________________________________________________ _____
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Obrigado

E

Universidade Pedagógica
Delegação de Quelimane
Departamento d e Ciências Sociais
Curso d e Licenciatura em ensino de História com Habilitações em Geografia
Roteiro de questões para entrevista á jovens religiosos da comunidade
Nome _____________________________ idade______ ocupação____________
1 O que é o lobolo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.Na actualidade tem se assist ido um comportamento dos jovens que indica o desuso desta
prática. Quais são as reais causas do desuso desta prática do lobolo nesta comunidade?
___________________________________________________________________________
____________________________________ _______________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________ ________________________
3. O que os jovens têm feito para manter esta prática do lobolo no seio da nossa
Comunidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Obrigado

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