Instruindo e Educando para um Trânsito melhor iiiSumário 1…. [622065]

Chadia Hamze
Fatima Rassul
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
E A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
Instruindo e Educando para um Trânsito melhor

iiiSumário
1. Apresentação………………………………………………………………………… 1
2. Introdução: Um movimento simples e eficiente sob a perspectiva
psicológica na busca de um trânsito melhor……………………………………. 7
3. Definição de Trânsito ……………………………………………………………. 13
3.1. O deslocamento existe em todos os lugares e todos nós
compartilhamos dele……………………………………………………………… 14
3.1.a. Quais os papéis que desempenhamos dentro do sistema
Trânsito? Podemos ser: Motorista – Passageiro – Pedestre …….. 15
3.1.b. Quem são as pessoas e os profissionais que formam e
participam do trânsito?……………………………………………………….. 15
3.2. A Violência no Trânsito ……………………………………………………. 16
4. O Desenvolvimento Cognitivo e a Educação Para o Trânsito ……… 21
4.1. A Didática e o Ensino………………………………………………………. 23
4.1.a. A Importância de John Locke para Psicologia ……………….. 25
4.1.b. Fase 1: Sensório-motor ( 0 A 2 anos)…………………………… 29
4.1.c. Fase 2: Pré-Operatório ( 2 A 7 anos)……………………………. 31
4.1.d. Fase 3: Raciocínio Operatório Concreto (7 a 11 anos)……. 31
4.1.e. Fase 4: Raciocínio Operatório Formal (12 anos em diante) 32
5. As Escolas de Psicologia e Sua Importância Para a Aprendizagem 37
5.1. O Estruturalismo …………………………………………………………….. 39
5.2. O Funcionalismo …………………………………………………………….. 40
5.3. O Associacionismo………………………………………………………….. 41
5.4. Behaviorismo …………………………………………………………………. 44
5.5. Gestalt ………………………………………………………………………….. 45
5.5.a. Organização Perceptual – Assimilação e Contraste: Figura e
Fundo………………………………………………………………………………. 48
5.6. Psicanálise…………………………………………………………………….. 49
5.6.a. Estrutura da Personalidade ………………………………………… 50
6. Resolução do CONTRAN ……………………………………………………… 55
7. Conteúdo Programático do Currículo Escolar …………………………… 59

iv8. Aprendizagem ………………………………………………………………………67
8.1. Definição ………………………………………………………………………..67
9. O Cérebro e a Aprendizagem………………………………………………….73
9.1. O Sistema Nervoso Central ……………………………………………….74
10. Fases e Processos Envolvidos na Aprendizagem …………………….81
11. Motivação…………………………………………………………………………..85
11.1. Definição de Motivação……………………………………………………85
11.2. Tipos de Motivação…………………………………………………………87
11.2.a. Motivação Intrínseca e Motivação Extrínseca ……………….87
11.3. Implicações da Motivação na Aprendizagem………………………88
11.3.a. Comportamentos fisiológicos ……………………………………..90
11.3.b. Comportamentos Sensoriais………………………………………91
11.3.c. Comportamentos de Atividade Física…………………………..92
11.3.d. Comportamentos Relacionados à Atividade Mental ……….92
11.3.e. Comportamentos Sociais …………………………………………..93
12. Percepção e Atenção …………………………………………………………..97
12.1. O estudo da percepção……………………………………………………98
13. Fatores que podem influenciar a percepção…………………………..101
13.1. Fatores Externos que Agem e Interferem na Percepção……..101
13.2. Fatores Internos que Atuam e Interferem na Percepção……..102
14. Tipos de Percepção……………………………………………………………105
14.1. Percepção visual ………………………………………………………….105
14.2. Percepção Auditiva……………………………………………………….106
14.3. Percepção Olfativa ……………………………………………………….108
14.4. Percepção Gustativa …………………………………………………….108
14.5. Percepção Tátil…………………………………………………………….109
14.6. Percepção Temporal …………………………………………………….109
14.7. Percepção Espacial ………………………………………………………110
15. A Atenção…………………………………………………………………………113
15.1. Atenção Distribuída ou Difusa…………………………………………123
15.2. Atenção Concentrada ……………………………………………………124

v15.3. Atenção Discriminativa…………………………………………………. 124
16. Processo da Aprendizagem ……………………………………………….. 127
16.1. Definição de Aprendizagem ………………………………………….. 127
16.2. Características da Aprendizagem…………………………………… 128
16.3. Princípios da Aprendizagem………………………………………….. 128
16.3.a. Habilidade Psicomotora………………………………………….. 129
16.3.b. Habilidade Afetiva …………………………………………………. 130
16.3.c. Habilidade Cognitiva………………………………………………. 131
17. O Homem Aprende Experimentando …………………………………… 135
17.1. Criação de Esquemas: Automatização……………………………. 137
18. Aquisição e Interpretação…………………………………………………… 139
19. Retenção e Memória (Evocação)………………………………………… 141
19.1. Tipos de Memória ……………………………………………………….. 143
19.2. Módulos da Memória Humana ………………………………………. 145
20. Generalização e Transferência …………………………………………… 147
20.1. Aprendizagem e Transferência ……………………………………… 148
21. Desempenho e Resposta…………………………………………………… 151
22. Retroação e Reforço…………………………………………………………. 153
22.1. Retroação ………………………………………………………………….. 153
22.2. Reforço ……………………………………………………………………… 154
22.3. Tipos de Reforço…………………………………………………………. 154
23. Considerações Finais………………………………………………………… 157
Bibliografia…………………………………………………………………………….. 161

11. Apresentação
O tema que trata sobre a violência no trânsito tem sido o centro da
atenção dos estudiosos das mais variadas áreas da saúde, envolvendo
tanto o homem como a sociedade em que vivemos.
Entendemos que a educação quando relacionada ao desenvolvimento
físico e psicológico do indivíduo pode nos ajudar a mudar a situação e
minorar a violência que se instalou na sociedade atingindo o sistema
viário de um modo geral.
Nossa proposta não é oferecer uma receita pronta e padronizada para a
solução, mas sim, instigar a reflexão sobre o problema na busca de
alternativas que possam diminuir ou ajudar a organizar o caos que o
trânsito representa nos dias atuais.
O presente trabalho foi desenvolvido a partir da observação das
constantes dificuldades e dos acidentes diários que ocorrem no trânsito.
As autoras ao analisarem a crescente desordem que se instituiu no
mundo contemporâneo e de modo global, pareceu-lhes importante um
estudo e uma reflexão mais sistematizada sobre o tema agressividade e
violência, canalizando seu foco de atenção para o grupo social que
compõe o sistema viário como um todo.
Essa observação nos permitiu intuir que, com a desagregação da
família, dos valores morais, éticos, religiosos e sociais, surgiu uma
gama de motivos que levaram os indivíduos ao desajustamento social e
pessoal, tornando o homem cada vez mais agressivo e violento em seu
comportamento e relacionamento interpessoal de forma sistêmica e
generalizada, trazendo consigo a desintegração das relações humanas
o que no trânsito pode ser percebido através da direção insegura e
perigosa dos motoristas considerados acidentógenos*. Essa lenta
fragmentação da vida em comunidade e a necessidade de
autoafirmação que estão acontecendo em um momento histórico-social
e político-econômico considerados críticos, exigem um senso de
cooperação e um envolvimento maior entre os indivíduos para que
possamos encontrar um equilíbrio satisfatório e harmônico no processo
da convivência social e no desenvolvimento humano, dando um impulso
maior para a integração do homem consigo mesmo e com o meio em
que vive em uma tentativa de atenuar o caos que se estabeleceu na
sociedade e, por conseguinte, no trânsito também.
*
acidentógeno – motoristas com traços de personalidade que são propensos a provocar ou envolver-se
em acidentes.

1. Apresentação
2A priori cremos que essa atmosfera indicadora do mal estar social, pode
ser o início, a sinalização de um crescente “ desconforto emocional ”,
onde o problema existencial pode estar contido em perguntas simples
tais como: Para onde o homem pretende ir e como ele está se
percebendo? A forma como está conduzindo sua máquina é adequada?
Seu relacionamento interpessoal está sendo produtivo?
A sabedoria dessas respostas pode consistir na unicidade com o outro,
onde a transformação interior tem dois caminhos a serem escolhidos;
ou a pessoa cai em um Círculo Vicioso onde só consegue ver os seus
defeitos e os dos outros, não conseguindo melhorar a percepção de si
mesmo e do mundo; ou então escolhe o caminho do Círculo Virtuoso
onde o indivíduo se aceita como é e percebe o aspecto bom do seu
caráter e do outro também. Ninguém pode roubar a riqueza interior, a
autoestima e o potencial de alguém. São aspectos e características
inerentes a cada indivíduo.
Partindo da experiência de consultório clínico, essa comprovação veio
com a experiência das autoras na área da psicologia do trânsito durante
o processo da avaliação psicológica de candidatos a motoristas, onde
as pessoas passam por uma entrevista e uma bateria de testes para a
avaliação dos traços de sua personalidade, mensuração dos vários
tipos de atenção e de memória, além da mensuração da sua
capacidade de raciocínio. Só aí pudemos, com os resultados obtidos,
perceber e ponderar o quanto a população “ está doente ”.
Várias vezes nos pegamos refletindo: como essa pessoa consegue
sobreviver diante de tanta dificuldade e tanta pressão emocional? Como
ela consegue continuar trabalhando? E na família, como vivem e
convivem uns com os outros? Como se relacionam? Como conseguem
lidar e conviver com esses conflitos? Que tipo de motoristas são ou
serão?
Podemos também corroborar durante a circunstância da entrevista, a
extrema carência afetiva que envolve as pessoas e a grande
necessidade que as mesmas apresentam em encontrar alguém que as
ouça, que lhes dê atenção e valorize o que elas “ têm para falar ”.
Durante o processo da avaliação psicológica, por meio dos resultados
conseguidos, pode-se observar o grau de dificuldades cognitivo e/ou
emocional que o indivíduo apresenta no seu dia a dia, e constatar que a
maioria das pessoas não consegue lidar com as suas emoções
simplesmente porque não as conhece, ou porque não consegue
identificar os seus próprios sentimentos. Não alcançam o significado
dos seus afetos.
Assim, concluiu-se que: se a pessoa não conhece e não consegue
identificar as suas emoções, automaticamente não pode manter o
controle sobre algo que lhe é desconhecido. Essa dificuldade pode estar
sendo refletida diretamente no trânsito, que funciona como uma válvula

3de escape onde o indivíduo extravasa suas dificuldades e suas
frustrações, o que nos permite entender a grande perplexidade e
incidência dos acidentes.
Psicologicamente, entendemos que na vida os afetos e os sentimentos
assumem várias dimensões e várias características que precisamos
saber distinguir, identificar, nomear e reconhecer, para podermos lidar
com os mesmos, caso contrário trata-se de uma luta fadada à
frustração.
Como exemplo, podemos citar os sentimentos que estão classificados e
divididos em duas categorias com seus aspectos diferenciados:
1. os sentimentos subjetivos:
a. raiva
b. amor
c. depressão, etc.;
2. os aspectos objetivos dos sentimentos:
a. sorriso
b. lágrima
c. gritos, etc,
(de acordo com os estudos Cowan de 1981)
De acordo com o trabalho de pesquisa denominado “ Núcleo de
Reabilitação e Treinamento de Motorista Acidentógeno ” desenvolvido
no DETRAN de São Paulo no período de 2000 a 2006, os resultados
comprovaram a tese do envolvimento cognitivo e/ou emocional do
motorista acidentógeno que se envolve ou provoca acidentes,
permitindo verificar-se que a dificuldade dos indivíduos aparece
abarcando os dois aspectos fundamentais para a adaptação ao meio:
1. os aspectos afetivos (sentimentos e emoções), por serem
intrínsecos e subjetivos, a grande maioria dos indivíduos não
sabe e não consegue reconhecê-los e nomeá-los; e
2. no aspecto cognitivo (raciocínio, memória e atenção), mesmo
quando a emoção ou o sentimento se manifestam de modo
objetivo e concreto através da expressão facial e/ou corporal,
existe um bloqueio, uma dificuldade na compreensão do seu
significado, e na decodificação da manifestação do tipo de
sentimento que o indivíduo experimenta.
Essas dificuldades podem incapacitar o condutor na sua tomada de
decisão (cognição) e na emissão de uma resposta adequada (emoção)

1. Apresentação
4diante de uma situação perigosa no trânsito e na vida de um modo
geral.
Por meio da experiência na avaliação psicológica dos condutores, e
com os resultados obtidos através dos estudos realizados com os
motoristas, compreendemos que a violência psicológica que é
vivenciada pelo indivíduo pode ter como um dos fatores
desencadeantes da violência, a falta de flexibilidade e da integração
consigo mesmo.
Essa falta de consistência pode acabar afetando os sujeitos com maior
intensidade, e consequentemente pode aumentar a incidência dos
desajustes emocionais e sociais, elevando os índices de condutas
agressivas, que são representadas, por exemplo, pelas transgressões
às normas e às leis, o que tem aumentado sensivelmente os
indicadores da criminalidade, inclusive no trânsito.
Acreditamos que, em meio a esse processo de insegurança pessoal,
sem afeto e sem objetivos, inconscientemente o indivíduo perde o
controle de todas as coordenadas de sua vida, passando a agir de sem
afetividade de forma impulsiva, e irracional.
Esse processo de desintegração pessoal e social pode estar
relacionado ao bloqueio emocional que trava e limita a capacidade de
raciocínio e abstração na análise e na avaliação das situações de
conflito ou de perigo, vivenciados pelo indivíduo, o que acaba travando
a manifestação de respostas assertivas na solução dos problemas
enfrentados.
Os sentimentos de impotência, de insegurança e de agressividade se
manifestam como defesa em uma tentativa de suprir os desfalques
emocionais e pessoais, que podem ter sido causados de forma violenta
e prejudicial durante seu crescimento e desenvolvimento, surgindo na
expressão do seu comportamento onde não respeita seus próprios
limites e nem os limites dos outros.
A violência mostra-se também quando o desejo de realização social e
pessoal não pode ser atingido, e acaba desencadeando o menosprezo
por si mesmo, ativando o sentimento de raiva pelo outro, gerando o
desejo de ataque e destruição, que no trânsito se manifesta através da
direção perigosa.
Essa falta de capacidade para suportar a frustração está relacionada à
imaturidade emocional que caracteriza o imediatismo, o comportamento
impulsivo onde o indivíduo sente-se incapaz de se impor uma frustração
em curto prazo para poder obter uma compensação em longo prazo, o
que dificulta a sua adaptação ao meio.
A impulsividade é uma das características de personalidade observadas
com muita frequência nos motoristas acidentógenos, segundo pesquisa
realizada no DETRAN de SP em 2002, intitulada “ Características de
Personalidade do Motorista Acidentógeno ”.

5Para entendermos melhor o homem e seu comportamento recorremos
às Escolas de Psicologia, cada uma com sua peculiaridade e que nos
ajudaram a perceber as particularidades relativas ao indivíduo como um
todo, além de oferecer diretrizes sobre o que pode ser feito para
colaborar em seu processo de reequilíbrio e readaptação.
No Capítulo 4 do livro, que trata sobre o desenvolvimento Cognitivo e
Emocional poderemos ter uma visão ampla do desenvolvimento
humano e como se processa a sua integração social e a sua
aprendizagem tanto cognitiva como emocional.
Em termos do sistema trânsito, esse trabalho em seu Capítulo 7, tem a
pretensão, por meio das instituições de ensino e da utilização de
técnicas e conteúdos programáticos específicos e planejados, devolver
aos jovens os seus referencias pessoais, morais e éticos, e ao mesmo
tempo capacitá-los no reconhecimento e na identificação de suas
emoções, habilitando-os para o domínio sobre as mesmas,
proporcionando condições de futuramente poderem conduzir tranquila e
firmemente seu veículo sem envolver-se ou provocar acidentes.
O desenvolvimento tanto físico como mental é uma constante e o
ensino não pode ser estanque. É preciso solidificar a educação para
que comecemos uma nova era da edificação humana.
A proposição da disciplina em nossas vidas é estabelecer uma ordem,
uma organização e um planejamento das nossas atitudes e
comportamentos, possibilitando que a pessoa sinta-se feliz pelo que
pode fazer e não seja frustrada pelo que não pode realizar melhorando
o seu autoconceito e elevando a percepção de si mesma e do outro.
É imprescindível que o trânsito seja reavaliado bem como a capacitação
dos motoristas, e simultaneamente percebamos que vivemos um
momento singular para mudarmos a educação.

72. Introdução: Um movimento simples e eficiente sob a perspectiva
psicológica na busca de um trânsito melhor
Um dos pontos mais compassivos sobre a violência pode ser atribuído
ao crescente individualismo e ao isolamento social das pessoas, onde o
indivíduo sente-se abatido e desamparado. Nos dias atuais, talvez
possamos equiparar a violência a uma doença social.
A falta de confiança em si mesmo e a alta competitividade objetivando
unicamente o sucesso material e não o crescimento pessoal tornou o
homem cada vez mais insensível à vida em sociedade e ao mesmo
tempo alheio aos seus próprios sentimentos, e que na maioria dos
casos acaba valendo-se do trânsito como bode expiatório para aliviar
todos os seus conflitos e insucessos. Essa tese ajuda a compreender e
a explicar a descrição dos vários tipos de motoristas envolvidos no
trânsito: o Guerreiro , oRei, oPiloto , oPrisioneiro e oSalvador .
Esses tipos de motoristas podem ser definidos da seguinte forma:
GUERREIRO: usa o veículo como armadura ou mesmo um tanque de
guerra; conduz o veículo como se estivesse em um campo de
batalha, em um campo de guerra, onde o outro é sempre
percebido como inimigo a ser vencido ( agressivos )
REI: o veículo é o seu trono, o mundo e todas as pessoas lhe devem
favores. As normas e as leis devem privilegiá-lo. O rei tem
domínio absoluto sobre tudo e sobre todos que o cercam e ele
pode tudo. ( onipotente )
PILOTO: o veículo faz parte do seu próprio ser, é uma extensão do seu
corpo e de sua vida. Utiliza o veículo como instrumento para
provar sua audácia e coragem, já que não consegue mostrar de
outras maneiras sua segurança, pois no fundo trata-se de um ser
inseguro e medroso. Tenta conquistar seu espaço no mundo dos
adultos. ( adolescente- por idade ou de mentalidade )
PRISIONEIRO: como o motorista profissional, o veículo é o seu cárcere
permanente. Sente-se enjaulado e com sua vontade e sentidos
tolhidos, presos pela situação de seu trabalho – horários,
percurso, paradas em cada ponto, passageiro nervoso,
campainha, luzes piscando, congestionamentos constantes,
pagamento por viagem……Mal ajustado, usa o veículo,

2. Introdução: Um movimento simples e eficiente sob a perspectiva psicológica na
busca de um trânsito melhor
8aproveitando-se do tamanho do mesmo e da velocidade, para
satisfazer sua necessidade de auto afirmação e superar suas
frustrações, desprezando por completo a convivência humana e
social, como compensação por sua impotência e desprestigio
(motoristas profissionais ).
SALVADOR: aquele que sempre deixa os outros passarem na frente;
pensa sempre em auxiliar os que estão com problemas e sempre
dá passagem aos pedestres.
Várias áreas das ciências humanas colaboraram com seus estudos
para ajudar a entender as tribulações manifestadas pelos indivíduos na
expressão do seu comportamento.
O desenvolvimento da neurobiologia nos forneceu os subsídios que
permitem observar o funcionamento do cérebro e como são
estabelecidas as conexões neurais da cognição (inteligência – atenção)
e das emoções (raiva – amor).
Por outro lado, a psicologia, estudada de uma maneira ampla, nos ajuda
a entender e a aprimorar os conhecimentos sobre as dificuldades
cognitivas, emocionais e afetivas que assolam a humanidade
desencadeando nos indivíduos a apatia afetiva, tornando a pessoa cada
vez mais insegura culminando com o sentimento de baixa autoestima e
de frustração contínua, gerando a instabilidade e a inadequação
comportamental, que observamos no trânsito através da direção
arriscada e da violência entre os usuários.
O interesse psicológico está em estudar e entender a separação que se
estabeleceu entre a inteligência, as emoções e o comportamento final
do indivíduo, que está sendo prejudicado na apreensão do Ser como
um todo. Esse processo de distanciamento nos parece ter
impossibilitado a pessoa na sua capacidade de compreensão e
avaliação da situação que está enfrentando.
Parece-nos que a falta de objetivos e de referências faz com que o
jovem sinta-se “ solto no ar ”, sem nenhum compromisso com a vida,
consigo mesmo, com a família e nem com a sociedade.
Vive em um mundo efêmero, sem ética e sem valores, onde não
existem regras nem leis que rejam o comportamento e o relacionamento
humano estabelecendo os limites de cada um, e este é um dos fatores
que pode esclarecer a violência que atualmente sentimos e vivemos no
nosso dia a dia. Leis e regras que tem a finalidade de garantir a ordem e
o progresso pessoal e social, são desprezadas por completo, é como se
não existissem.
Sem objetivos e sem realização a pessoa sente-se cada vez mais
incapacitada e fracassada, isolando-se de si mesma, dos seus afetos e
sentimentos, reagindo de forma agressiva e violenta em seu convívio

9com os outros, e o grupo social trânsito acaba funcionando como alvo,
como um meio propício para extravasar todas estas dificuldades. Afinal
ele possui uma arma potente em suas mãos: o veículo automotor, que
funciona como uma armadura de proteção aos seus ataques.
Uma das questões mais frequentes entre os estudiosos do psiquismo
humano é: “ porque algumas pessoas que tem um QI considerado alto
não conseguem progredir na vida, enquanto que, outras consideradas
com QI baixo se dão bem? ” [1].
Essa aptidão foi denominada por Daniel Goleman como sendo a
Inteligência Emocional, responsável pelo autocontrole, pelo cuidado,
pela persistência e pela automotivação. Portanto podemos pensar que o
problema não está na capacidade cognitiva, mas sim na adequação da
emoção para a situação.
Toda emoção em sua essência é impulsiva; somente no homem, com o
desenvolvimento do intelecto, é que passou a existir um controle
racional do sentimento, o que podemos chamar de reflexão sobre a
ação. Quando o aspecto intelectual, por algum motivo, é bloqueado, a
violência sentida internamente pelo indivíduo, é transferida para o
mundo externo de forma impulsiva e agressiva, onde o outro passa a
ser visto como culpado pelo seu fracasso pessoal. É onde o indivíduo
age e se comporta de forma combativa e violenta, sem nenhuma
reflexão sobre o seu sentimento, sobre a sua emoção e sobre o seu
comportamento.
No trânsito podemos perceber a manifestação desses sentimentos
violentos por meio da alta velocidade, ultrapassagem perigosa, avanço
de sinal, falta de respeito com a faixa de pedestre, buzina constante,
entre outros comportamentos inadequados.
Esse tipo de situação faz-nos pensar que as pessoas não são
emocionalmente perturbadas, mas são deficientes em seu movimento
social, em suas metas, em sua forma de integração social, porque
formou conceitos errados de si mesma, dos outros e do mundo.
Esse trabalho de educação tem como objetivo devolver ao jovem a sua
idoneidade, de modo que o mesmo consiga situar-se dentro do tempo e
do espaço em que vive assumindo o seu existir. Esse argumento
possibilita o desenvolvimento adequado da percepção de si mesmo e
do outro e pode restaurar o sentimento da autoestima, permitindo a
descoberta do seu potencial, devolvendo-lhe a segurança pessoal e a
capacidade de ponderação para uma vida equilibrada e segura.
Esses sentimentos positivos poderão vir a se refletir também na
condução do veículo, através de uma direção defensiva e hábil,
promovendo no sistema trânsito um ambiente agradável, amigável e
cooperativo.

2. Introdução: Um movimento simples e eficiente sob a perspectiva psicológica na
busca de um trânsito melhor
10Se durante o processo educacional existir normas, que terão a função
de facilitar a adaptação do indivíduo ao grupo social de sua convivência,
e as regras que estabeleçam os limites a serem obedecidos, garantindo
o seu direito e o direito do próximo, isso trará as fronteiras e o bem estar
para o jovem e o ajudará na disciplina para a vida como um todo,
incluindo o trânsito.
A disciplina é uma fonte de energia propulsora para a esperança e a
elevação dos padrões de comportamento de uma sociedade, na medida
em que ajuda a determinar os objetivos e as metas para serem
atingidos, estabelecendo uma ordem, uma organização e um
planejamento do que queremos, do que podemos e do que devemos
fazer. Podemos dizer que seria uma hierarquização dos interesses e
dos valores pessoais e sociais.
Quando estabelecemos objetivos e conseguimos selecionar e
estabelecer metas para a vida, estaremos definindo se o que queremos
é um desejo real ou simplesmente um capricho.
Para isso a disciplina dá o entusiasmo e a motivação para alcançarmos
os nossos alvos, as nossas metas além de colaborar para a realização
dos nossos sonhos. Significa uma melhora constante e incessante na
vida das pessoas, enquanto que a rotina de um comportamento implica
em uma estagnação, na ausência de movimento, onde há uma perda do
entusiasmo pela própria vida.
É como se fosse à morte da alma, pois o comportamento mecânico e
sem intenção pré-estabelecidas não necessita de emoção e nem de
raciocínio, e acaba anulando totalmente a intervenção do indivíduo
como um ser vivente e com vontade própria.
O corpo pode ser considerado como sendo o veículo da alma, e é
através dele e do nosso comportamento que expressamos o que
sentimos e o que pensamos. Quando existe alguma dificuldade nas
esferas afetiva e/ou emocional, para o motorista o veículo passa a ser a
sua alma uma continuação do seu próprio corpo, é quando os valores
se misturam e se invertem e a máquina passa a ser o meio de solução
para os seus conflitos.
Com a implantação deste Projeto de Educação, temos a ambição de
através das dinâmicas de grupo e dos jogos propostos com os objetivos
determinados, alargar e devolver a capacidade cognitiva e afetiva do
indivíduo. O alvo principal é facilitar o contato com as próprias emoções
e promover a tomada de decisão diante das situações de conflito,
procurando assumir posturas assertivas na solução dos mesmos.
O conflito de escolha por si só, provoca um sentimento de satisfação
quando é compensatório, e de frustração quando a escolha não foi
satisfatória podendo, como vimos ocasionar o desajuste emocional e
comportamental.

11Do ponto de vista psicológico, acreditamos que com a promoção do
autoconhecimento e da autopercepção, as pessoas poderão criar um
ambiente interno deleitoso, onde poderão sentir-se vivas, criativas e
autênticas consigo mesmas e com os outros em suas relações,
facilitando o reconhecimento dos seus afetos e emoções, e a partir daí
alcançar um bom controle sobre o seu comportamento e a sua
adequação ao meio em que vive. Este equilíbrio e tranquilidade interna
permitem ao indivíduo uma forma de condução veicular mais
cooperativa, amigável e cautelosa.
O comportamento é um sistema de crenças formado por referências,
informações, e conhecimentos que vem antes da disciplina. É a história
de vida do indivíduo construída sobre as suas experiências com o
mundo e com as pessoas.
Quando quebramos essas referências e/ou mudamos nosso sistema de
crenças, estabelecemos novos padrões de comportamento, às vezes,
inadequados.
O mundo está em constante mudança, tanto no aspecto tecnológico
como no aspecto do relacionamento humano. A todo o momento somos
bombardeados por uma gama infinita de informações que temos que
absorver e acomodar no nosso cotidiano.
Assim como existem concepções e definições do que é uma estrada
segura e um veículo apropriado para circulação, a definição do condutor
ou motorista adequado deve acompanhar a crescente complexidade do
trânsito e as alterações que acontecem.
Atualmente, o motorista não é mais aquela pessoa que simplesmente
manobra o veículo, ou que simplesmente conduz uma máquina. Ele é
um elemento ativo e seu comportamento é imediatamente refletido no
trânsito.
O número de veículos nas ruas aumenta constantemente, e as
máquinas estão cada vez mais diversificadas e sofisticadas, mais
potentes exigindo cada vez mais habilidade dos seus condutores.
As estradas, as rodovias e as ruas por onde estas máquinas circulam,
também estão constantemente sofrendo mudanças em suas tecnologias
e logísticas ordenando novas soluções e sinalizações, exigindo uma
atualização constante do motorista.
Essas mudanças são perseverantes e acontecem em um ritmo muito
acelerado desencadeando uma estimulação cada vez maior, tanto em
relação à sinalização como aos elementos humanos concernentes ao
trânsito demandando uma capacitação cada vez maior dos condutores
na apreensão dos estímulos e na elaboração das respostas para
conduzir sua máquina de forma segura sem envolver-se ou provocar os
acidentes. É preciso um bom controle sobre as emoções e uma
capacidade de raciocínio rápido de modo que o motorista possa

2. Introdução: Um movimento simples e eficiente sob a perspectiva psicológica na
busca de um trânsito melhor
12encontrar uma solução para a situação em que se encontra, sem
desarmonizar o sistema como um todo.
A relação que o homem estabelece com sua máquina seguem dois
cursos: ou ama e idolatra seu veículo como sendo uma extensão de seu
próprio corpo, ou simplesmente o percebe como uma ferramenta a ser
utilizada em seu transporte.
Outro aspecto na relação do homem com seu veículo é o seu uso como
status social como meio de autoafirmação e aceitação em seu meio.
Este tipo de sentimento faz com que as pessoas passem a valorizar
mais o bem material do que o emocional, o que pode comprometer sua
relação com o outro e com o próprio grupo do sistema trânsito.
Pessoas seguras, equilibradas emocionalmente, disciplinadas, são
capazes de entender que, primeiro é preciso SER, isto é, apropriar-se
de si mesmo, de sua própria vida, para depois TER, sendo capazes de
canalizar a sua criatividade e a sua energia para o desenvolvimento de
uma sociedade onde os limites são respeitados e os valores
preservados.

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