Investigando o impacto [602145]

ii

Índice
Lista de siglas e abreviaturas ………………………….. ………………………….. ………… ………..iv
Lista de figuras e tabelas ………………………….. ……………….. ……………………………v
Declaração ………………………….. ………………………….. ………………………….. ……. ……….. .vi
Dedicatória ………………………….. ………………………….. ………………………….. ……. ………..vii
Agradecimentos ………………………….. ………………………….. ………………………… ……….viii
Resumo ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………… ………..ix
0. Introdução ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………………. 10
0.1. Delimitação ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………….. 11
0.2. Problematização ………………………….. ………………………….. ………………………….. ……. 11
0.3. Hipóteses ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………….. 12
0.4. Justificativa ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………….. 13
0.5. Objectivos ………………………….. ………………………….. ………………………….. ……………. 14
0.5.1. Geral ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………………………….. .. 14
0.5.2. Específicos ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………………… 14
0.6. Metodologia ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………. 14
0.6.2. Universo/Amostra ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………. 16
0.6.3.Técnicas de recolha de dados ………………………….. ………………………….. ……………………….. 18
0.6.4. Técnica de apresentação, analise e interpretação de dados ………………………….. …………… 19
CAPITULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ………………………….. …………………………. 21
1.1. Conceituação ………………………….. ………………………….. ………………………….. ……….. 21
1.1.1. Ritos de iniciação feminina ………………………….. ………………………….. ……………… 22
1.2. Fases dos ritos de iniciação ………………………….. ………………………….. ………………… 22
1.3 Ritos Preliminares …………………………………………………. ………………………. …… . 23
1.4. Os Principais Fundamentais dos seus Ensinamentos ….. …………………….. ……… . 24
1.5. Iniciação ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………………. 25
1.6. Banho ritual ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………. 25

iii

1.7. Tratamento do corpo (unção) ………………………….. ………………………….. ……………… 26
1.8 Contribuição dos ritos de iniciação feminina na educaçã o formal …………………. ….26
CAPITULO II ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………….. 27
2. Apresentação, Análise e Interpretação de Dados ………………………….. ………………….. 27
2.1. Contextualização da prática dos ritos de iniciação no Posto Administrativo de
Lioma ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………………………… 27
2.3. O contributo dos ritos de iniciação na educação formal ………………………….. ………. 30
2.4. Período da Realização ………………………….. ………………………….. ………………………….. ………. 32
2.5. Fraca valorização dos ritos em detrimento da educação formal ………………………….. ……….. 33
4. Bibliografia ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………….. 38
Apêndices ………………………….. ………………………….. ………………………….. …………………….. a

iv

Lista de siglas e abreviaturas
A ………………………….. ………………………….. ……………………. Anamuko
Dirt.1 ………………………….. ………………………….. ……………….. Director da E scola Primária
Dirt.2 ………………………….. ………………………….. ………………. Director da Escola
Secundaria
Et all ………………………….. ………………………….. ………………. (do inglês – e outro autores ).
E ………………………….. ………………………….. …………………….. Emwali
Prof. ………………………….. ………………………….. ………………. Professor

v

Lista de figuras e tabelas
Figura1 ………………………….. ………………………….. ……………. Mapa do Posto
Administrativo de L ima
Tabela1 ………………………….. ………………………….. …………… Discriminação do grupo alvo

vi

Declaração
Declaro que esta monografia é o resultado de pesquisas por mim realizadas e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes bibliográficas
usadas consulta das estão devidamente citadas no texto e apresentadas na bibliografia
que consta no final do trabalho.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.

Quelimane, Abril de 2016
__________________________________
Deolinda Ramos Artur

vii

Dedicatória
Aos meus netos Alceu e Arlinda.

viii

Agradecimentos
Os meus especiais agradecimentos vão para todos os docentes que vieram leccionando
as cadeiras deste curso, pela paciência que demonstraram até a este momento final.
Ao meu supervisor dr. Lorindo Verde pela paciência e dedicação, nas orientações
precisas para a elaboração da presente monografia.
Ao meu esposo Alfredo, aos meus filhos: Idalina, Ângelo, Al merindo, Eduardo,
Munlhena e Arlete pela paciência e ponderação da minha ausência no convívio familiar
durante o período dos meus estudos.
Os votos também são extensivos aos amigos, à todos os colegas da turma onde estive
durante o período dos meus estudos , especialmente os que sempre estiveram presentes
para ajudar com as suas contribuições.

ix

Resumo
A presente monografia resulta do estudo feito no Posto Administrativo de Lioma, Distrito de Gurúe e visa
compreendera contribuição do s ritos de iniciação feminino na educação formal. Realizamos uma pesquisa
qualitativa na Província da Zambézia, na sociedade lomué, em particular para as comunidades do Posto
Administrativo supracitado, envolvendo alunas, professores, directores e formador as dos ritos de
iniciação sob a prática, os valores ensinados e a possibilidade da inclusão destes valores na educação
formal. Consideramos os ritos de iniciação como uma das componentes culturais que simboliza a
sociedade daquele ponto da Província. Constatamos que os ritos de iniciação feminino tem um contributo
significativo para a educação formal, pois alé m dos ensinamentos ligados a higiene das rapariga s, foi
possível constar que estas praticas carregam consigo um cunho cultural e tradicional que identifica a
sociedade lomué assim como toda a sociedade moçambicana que apesar das diferenças culturais
existentes entre as várias etnias moçambicanas existem aspectos que ligam as mesmas como é o caso da
valorização da cultura e da tradição moçambicana. Com isso, validamos a nossa primeira hipótese.
Palavras -chave : ritos, ritos de iniciação, educação formal.

10

0. Introdução
A present e monografia resulta do estudo realizado no Posto Administrativo de Lioma
Distrito de Gurúe onde pretende‒se falar sobre a Contribuição dos Ritos de Iniciação
Feminino na Educação Formal, pois, sabe -se que em todas as sociedades sempre houve
e há necessida de de educar os seus membros com vista a viverem de acordo com as
normas, directrizes e orientações vigentes na mesma sociedade.
Neste caso, as sociedades africanas com vista a adoptarem as crianças ou aos jovens
normas que lhes permitam viver de acordo c om o mundo dos adultos usam os ritos de
iniciação que desde muito tempo foram praticadas nestas sociedades, estes, elaboram os
ensinamentos diversos para cada etapa da vida ensinando a superar as tensões
traumáticas de cada uma de stas etapas .
No passado assistiu -se que no sistema escolar negou -se a incorporação das tradições
culturais locais no seu currículo ao longo da história de Moçambique. E essa negação
constitui de certa forma uma ameaça para o ser dos moçambicanos, principalmente ao
se admitir que c om o tempo possam dissolve r-se os laços históricos que re sinificam e
dão sentido à vida, enquanto contextualizada às particularidades da língua, dos hábitos e
costumes, das técnicas, das artes, da religião e da filosofia da vida, no conceito que os
grupos sociais constroem sobre si mesmos para que se compreendam e façam -se
compreender e, no rol de saberes e práticas, especialmente os que compõem o currículo
dos ritos de iniciação , dentro da especificidade de cada grupo étnico – linguístico.
Diante dessa rea lidade e ao levar em conta o contexto actual da educação em
Moçambique, na busca da articulação dos saberes das culturas locais, construídos e
transmitidos pelos ritos de iniciação, no currículo escolar, nasce a necessidade de
sugerir sobre a sua contribui ção na edução formal, visto que estes mesmo que tenham
um cunho tradicional ou mesmo local, também possuem um grande valor cultural que
possibilite o resgate e a construção da auto -estima dos alunos e principalmente das
iniciadas.
Para o desenvolvimento d esta monografia foi possível graças aos estudos feito no Posto
Administrativo de Lioma, envolvendo alunas das duas escolas (Secundária e Primária)
com vista a ferir os ensinamentos que estas tiveram nas cerimónias dos ritos de
iniciação e que de certa form a podem contribuir na educação formal, foram também
submetidos a entrevista senhoras (Matronas) residentes no local de estudo como forma

11

de sabermos que ensinamentos elas dão as suas formandas ou iniciandas e como têm
sido acatados estes conhecimentos por parte das iniciandas e da comunidade, pois, são
estas iniciandas que fazem parte desta comunidade. Ainda foram submetidos a
entrevista com vista ao enriquecimento do estudo, pessoas ligadas com a educação, isto
é, professores e directores de ambas escolas com o objectivo de saber como tem sido
cooperação destes com a comunidade praticante dos ritos de iniciação e que
ensinamentos dados nos ritos de iniciação, se os professores já incluíram nas suas aulas.
Mas também a entrevista destes, almejava um outro obj ectivo que era de se saber que
estratégias se podem usar para resolver o problema da realização dos ritos de iniciação,
pois, tem se assistido muitas vezes conflitos entre a comunidade e a escola devido ao
período da sua realização .
A estrutura desta monog rafia será composta por dois capítulos nomeadamente: I da
Revisão Bibliográfica e II Apresentação, analise e interpretação dos dados colhidos.
Mas de referir que antes do primeir o capitulo está a introdução e seus itens como o
Tema, Problema, as Hipóteses , Justificativa e ainda as metodologiasou caminhos e as
técnicas que foram usadas para o desenvolvimento do presente estudo.No primeiro
capítulo, procura -se através de escritos existentes que tratam sobre o tema em alusão
com vista a sustentar o presente e studo. Já para o II Capítulo, procura -se apresentar,
analisar e interpretar os dados colhidos no local de estudo. E finalmente tiram -se as
conclusões do estudo e as sugestões para resolver o problema encontrado.

0.1. Delimitação
Para o desenvolvimento de ste trabalho, o estudo foi r ealizado na sociedade lomué, ma s
concretamente no Distrito de Gurúe, Posto Administrativo de Lioma, no período entre
2010 à 2014. O estudo foi feito nos meses de Novembro e Dezembro, em duas fases ou
períodos.
0.2. Problematizaç ão
Desde a muito tempo as sociedades nas sociedades africanas tornou -se habito a a
realização de ritos de iniciação como forma de educação informal, onde o indivíduo
abandona o seu anterior estado social de infância e sofre a influência para a vida adulta.
E neste caso, os ritos de iniciação feminina, elaboram as diversas passagens da vida das

12

participantes, onde passam de adolescentes para mulheres e que a partir desse momento
ela já po de ter uma vida familiar activa .
O rito guia e conduz a passagem de um a fase do ciclo vital ao outro, constituindo elo
intermediário que liga entre várias fases da vida. No entanto há ainda alguma
deficiência na de insertação desta componente educativa na educação formal. Sabe -se
que a prática educativa não é apenas uma exig ência da vida em sociedade, mas também,
um processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiencias culturais que os
tornam aptos a actuar no meio social e transforma -lo em função das necessidades
económicas, políticas e socioculturais da colectiv idade. Através da educação, o meio
social exerce influências sobre o indivíduo e estes, ao assimilarem e recriarem estas
influências, tornam -se capazes de estabelecer uma relação activa de acordo com as
exigências do meio social.
Doravante os ritos de inic iação são praticados no posto administrativo de Lioma longe
das políticas do sistema educacional oficial criando contradições com as políticas dado
o seu período em que se pratica e pelo facto de, os aderentes desta pratica serem as
mesmas meninas que aban donam a escola e passam mais tempo neste ritual. Portanto
esta situação cria um desânimo dentro das políticas educacionais dado a não
harmonização com a educação tradicional. Diante disso tudo, surge a questão:
 Que contribuição tem os ritos de iniciação fe minino na educação formal?
0.3. Hipóteses
H1: Os ritos de iniciação feminina tem uma contribuição bastante acentuada no
desenvolvimento curricular e não só, mas também, contribui para a valorização da
cultura local, pôs, eles transmitem um conjunto de va lores a cultura típica nacional e
local. Porque ensinam os participantes a respeitar e conservar a sua cultura e tem certa
influência no seu modo de agir na sociedade, visto que estes contribuem no saber ser,
estar e fazer.
H2: Os ritos de iniciação contri buem negativamente na formação académica das
educandas, visto que, eles são realizados não só no período escolar, mas também trazem
consigo consequências negativas devido a sua natureza de incutir nas educandas
aspectos ligados a tradição e dos costumes lo cais e a educação formal incutir conteúdos
científicos, devido a contrariedade de princípios ou métodos.

13

0.4. Justificativa
A escolha deste tema deveu -se em primeiro lugar a curiosidade e paixão resultante de
um trabalho em grupo de carácter avaliativo o rientado pelo docente na cadeira de
Antropologia Cultural de Moçambique em 2013, ano em que frequentávamos o segundo
ano do curso de Licenciatura em Ensino de História nesta Universidade, não só, mas
também porque esta é uma prática cultural da minha zona de origem.
O desenvolvimento deste tema vai permitir não só o desenvolvimento ou acréscimo dos
conhecimentos já existente, em relação ao assunto, mas também, vai permitir que graças
a este estudo seja conhecido na ciência a cultura do povo em estudo concr etamente os
ritos de iniciação feminina que constituem tabus até hoje. Vai permitir também que a
comunidade académica conheça melhor os aspectos culturais desta bela e rica Província,
de forma a fazer uma ligação em algum aspecto ligado a ciência educativa .
A escolha do tema também foi motivado devido a fraca abordagem do tema por parte
dos estudiosos ou dos grandes autores seja de obras relacionadas a História, assim como
a Antropologia ou Sociologia, sendo que o estudo irá contribuir positivamente no
conhecimento aprofundado dos ritos e assim como da possibilidade destes contribuírem
para a educação formal.
A temática sobre os ritos de iniciação não é nova no panorama científico, pôs, ao longo
das pesquisas exploratórias constatou -se que alguns estudos fo ram feitos, mas de
salientar que estes estudos foram feitos uns de forma genérica, isto é, o primeiro estudo
foi feito em conjunto entre a sociedade “ lomué e macua” , por Francisco Lerma
Martinez, na sua obra bibliográfica intitulada Antropologia Cultural e O Povo Macua e
Sua Cultura – analise dos valores culturais, do povo macua no ciclo vital publicado no
ano de 2008, Felizardo Cipire: Educação tradicional em Moçambique publicado em
1996, outro estudo relacionado ao tema refere -se a Educação pelos ritos de iniciação:
Contribuição da tradição cultural ma -sena ao currículo formal das escolas de
Moçambique (Tese de Mestrado), estudo realizado por, António Domingos Braço em
2008, já para a Alta Zambézia também foi feito um estudo que envolveu quase toda
zona al ta feito por Nilza A.T. César e outros autores cujo tema: Investigando o impacto
dos ritos de iniciação no acesso à educação e formação de crianças e adolescentes: o
caso da Alta Zambézia, sem data.

14

Assim, nota -se que há vários estudos referentes aos ritos de iniciação, mas dentre eles
apenas um fala da possibilidade da contribuição dos ritos de iniciação no currículo,
sendo necessário que vários outro estudos sejam feitos para o tema, por esta razão surge
a motivação em desenvolver um estudo desta natureza e neste ponto do país para não só
contribuir cientificamente na educação formal, mas também para fazer perceber esta
prática cultural que ainda se realiza em Lioma.
0.5. Objectivos
A presente Monografia tem como objectivos:
0.5.1. Geral
 Compreender o con tributo dos ritos de iniciação feminino na educação formal.
0.5.2. Específicos
 Contextualizar a prática dos ritos de iniciação na sociedade lomué;
 Descrever o contributo dos ritos de iniciação na educação formal;
 Encontrar soluções que possam melhorar o pr oblema dos ritos de iniciação no
quadro da educação formal.
0.6. Metodologia
A metodologia é definida como sendo as etapas mais concretas da investigação, com
finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos menos abstractos.
Nas ciênc ias sociais os principais métodos de procedimento são: histórico, comparativo,
monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista e
etnográfico, (LAKATOS/MARCONI; 1991:106).
Numa outra visão, a metodologia é definida como sendo um conjunto de abordagens,
técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de
aquisição objectiva do conhecimento, de uma maneira sistemática, (GIL;2008:106).
Para este estudo, privilegiou -se o método etnográfico , poi s este método, dá ênfase a
dimensão cultural e contextual do objecto de estudo. A base empírica que sustenta a
análise do investigador é o contexto cultural e simbólico das pessoas e das
comunidades. Neste caso, as notas de campo são o meio privilegiado pa ra a recolha de
dados, sendo que a observação naturalista constitui, também, a técnica mais usada. A
título de exemplo, os antropólogos, habitualmente, usam este método, uma vez que

15

procuram compreender o contexto cultural a partir do qual os actores inter pretam o
sentido que atribuem à realidade social, (CANASTRA et all ;2015:12).
O uso deste método, como foi referenciado e porque se pretendem abordar questões
relativas a cultura, hábitos e costumes, do povo lomué privilegia -se este método com o
objectivo de colectar dados relevantes a estes aspectos e que são estes elementos que
identificam este povo.
Também, para o presente estudo, foi empregue a pesquisa do tipo qualitativo que na
opinião de RICHARDSON (1999:90), citado por NEVES (1996:1), é defini da como a
tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais
apresentados pelos entrevistados, em lugar de produção de medidas qualitativas de
características ou comportamentos.
Ainda o autor supracitado afirma que, “o m étodo qualitativo difere, em princípio, do
quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do
processo de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou
categorias homogéneas”, (Idem).
A expressão “pesquisa qu alitativa” assume diferentes significados no campo das
ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que
visam a descrever e descodificar os componentes de um sistema complexo de
significados. Tem por objectivo traduzir e expressar o sentido dos fenómenos do mundo
social; trata -se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados,
entre contexto e acção, (MAANEN;1979:520).
NEVES (1996:1), sustenta que, em sua maioria, os estudos qualitativos são feitos no
local de origem dos dados; não impedem o pesquisador de empregar a lógica do
empirismo científico (adequada para fenómenos claramente definidos), mas partem da
suposição de que seja mais apropriado empregar a perspectiva da análise
fenomenológica, quan do se trata de fenómenos singulares e dotados de certo grau de
ambiguidade.
O emprego deste método no presente estudo deveu -se em concordância com MAANEN
(1979:520), citado por NEVES (1996:1), a este tipo de pesquisa compreende um
conjunto de diferentes t écnicas interpretativas que visam a descrever e a descodificar os
componentes de um sistema complexo de significados. E também porque este tipo de

16

pesquisa tem por objectivo traduzir e expressar o sentido dos fenómenos do mundo
social; pois, reduz a distân cia entre indicador e indicado, entre teoria e dados e por fim
entre contexto e acção.
Não só, mas também envolveu -se também o método de Observação Participante que
consistiu na participação real da pesquisadora com a comunidade ou grupo. Ele se
incorpora ao grupo, confunde -se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do
grupo que está estudando e participa das actividades n ormais deste,
(LAKATOS/MARCONI; 1991:194).
Para MANN (1970:96 ), citado por LAKATOS/MARCONI ( 1991:194), a observação
participante é uma “tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado,
tomando -se o observador um membro do grupo de molde a vivenciar o que eles
vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência deles ”.
Neste tipo de observação, observador participante enfr enta grandes dificuldades para
manter a objectividade, pelo fato de exercer influência no grupo, ser influenciado por
antipatias ou simpatias pessoais, e pelo choque do quadro de referência entre observador
e observado.
O objectivo deste método foi de ganh ar a confiança do grupo, fazer os indivíduos
compreenderem a importância da investigação, sem ocultar o seu objectivo ou sua
missão, mas, em certas circunstâncias, há mais vantagem no anonimato.
0.6.1. A pesquisa bibliográfica
Com vista ao enriquecimento do conteúdo, o estudo apoiou -se com o método de
pesquisa bibliográfica que, em linhas gerais é um apanhado sobre os principais
trabalhos científicos já realizados sobre o tema escolhido e que são revestidos de
importância por serem capazes de fornecer dad os actuais e relevantes. Ela abrange:
publicações avulsas, livros, jornais, revista, vídeos, internet, etc. Esse levantamento é
importante tanto nos estudos baseados em dados originais, colhidos numa pesquisa de
campo, bem como aqueles inteiramente baseado s em documentos, (SILVA; 2001:34).
0.6.2. Universo/Amostra
O conceito de o universo (também chamado população) pode ser entendido como “ um
conjunto definido de elementos que possuem determinadas
características” (CANASTRA et all ;2015:19) .

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LAKATOS/MARCONI, (1 991:106), conceitua a amostra como sendo “ uma parcela
convenientemente seleccionada do universo (população); é um subconjunto do
universo”.
O Posto Administrativo de Lioma, local onde o estudo foi realizado, tem um total
populacional (universo), de cerca d e 59.375, este número, compreende homens e
mulheres, dentre este número, cerca de 30243, são mulheres constituindo 60.45% da
população total do posto administrativo de Lioma, esta população é constituída por
20579, pessoas da idade compreendida entre os 15 à 44 anos de idade (Idade Fértil)
(MAE; 2005: 9). E porque o papel da amostra é colher dados quando não é impossível
envolver todo o universo, a amostra envolveu apenas cerca de 30 (E) pessoas, nos
intervalos de idade compreendidos entre 12 à 18 anos de id ade.
No que tange a colecta de dados com as matronas ou seja as formadoras, o seu universo
é de cerca de 3044 mulheres nos intervalos de idade compreendidos entre 45+ ( MAE;
2005: 9) nele, apenas 25 (A ) foram submetidos ao estudo.
Porque pretende -se com e ste estudo conhecer o contributo dos ritos de iniciação
feminino na educação formal, o estudo também envolveu personalidades ligados a área
da educação como 2 directores de escolas: 1 Escola Pri mária Completa de Lioma Sede
(Drt1) e outro da Escola Secun dária Geral de Lioma Sede (Drt2 ). E 7 professores
nomeadamente 4 da referida Escola Secundária (ESGL ), sendo 2 de Biologia, 1 de
História e 1 de Port uguês. E 3 da Escola Primária ( EPCE) supracitada, nomeadamente
professores de Moral e Cívica e Ciências Socia is e 1 de Português.
A pesquisa envolveu directores das escolas acima citadas tratando -se de entidades
superiores das escolas onde se pretendem colher os dados, como forma de não só
permitir a colecta, mas também porque se pretende saber como é que estes se
relacion am com as comunidades ou seja, as organizadora s dos ritos de iniciação, a fim
de se aferir se tem existido um a correlaçã o entre a direcção da escola e as mestra s dos
ritos de iniciação.
Em relação ao envolvimento dos professores deveu -se ao fac to da necessidade de se
saber quais são os ensinamentos dos ritos de iniciação que estes incluem nas suas aulas
como forma de abordar questões relativas aos valores culturais, sobre tudo da
comunidade de Lioma.

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0.6.3.Técnicas de recolha de dados
Na p erspectiva de (LAKATOS/MARCONI; 1991:165), a técnica de colecta de dados é a
“etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das
técnicas seleccionadas, a fim de se efectuar a colecta dos dados previstos” .
É uma tare fa cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se espera. Exige do
pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, além do cuidadoso registo dos
dados e de um bom preparo anterior, (Idem).
Para o presente estudo, a colecta de dados baseou -se na técnica de entrevista que
segundo OLIVEIRA, (s/d: 12), é um dos principais instrumentos usados nas pesquisas
das Ciências Sociais, desempenhando papel importante nos estudos científicos.
Para JANEIRA (1971:34), a grande vantagem dessa técnica em relação às outras “é que
ela permite a captação imediata e coerente da informação desejada, praticamente com
qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos”. E de acordo com
MOREIRA (2002: 54), a entrevista pode ser definida como “uma conversa entre d uas
ou mais pessoas com um propósito específico em mente” . As entrevistas são aplicadas
para que o pesquisador obtenha informações que provavelmente os entrevistados têm.
Este autor, classifica as entrevistas em: estruturadas, não estruturadas ou completam ente
abertas e semi -estruturadas.
Mas, neste estudo foi aplicado apenas as entrevistas não estruturadas ou
completamente abertas e semi -estruturadas . Em relação a primeira, OLIVEIRA (s/d:
12), define como sendo aquelas que apresentam um número de questões, mas não são
específicas nem fechadas. Apresentam um guia para que o pesquisador e os
entrevistados sigam, podendo também haver a possibilidade de adição de novas
questões para que se possa compreender melhor determinado tópico. Há a suposição de
que os in formantes conhecem pouco sobre o assunto em pauta, cabendo ao investigador
o papel de ouvir e entender.
Já as entrevistas semi -estruturadas ficam entre os extremos das estruturadas e das
abertas ou não estruturadas. Onde há o momento das perguntas anterior mente
determinadas, podendo ser as respostas relativamente livres. Caso haja a necessidade, o
pesquisador pode acrescentar uma questão não prevista, dependendo das respostas dos
respondentes, (OLIVEIRA;s/d:12).

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A colecta de dados também foi acompanhado de manuscritos que foram feitos no
decorrer da entrevista, com vista a extrair as informações chave da conversa neste caso
a entrevista.
0.6.4. Técnica de apresentação, analise e interpretação de dados
Para BEST (1972: 152), cit ado por LAKATOS e MARCON (19 91:167), a técnica de
análise de dados “representa a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de
investigação”. A importância dos dados está não em si mesmos, mas em
proporcionarem respostas às investigações.
Análise e interpretação são duas activi dades distintas, mas estreitamente relacionadas e,
como processo, envolvem duas operações, que serão vistas a seguir. Análise (ou
explicação). É a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenómeno
estudado e outros factores. Essas relações po dem ser estabelecidas em função de suas
propriedades relacionais de causa – feito, produtor – produto, de correlações, de análise
de conteúdo, etc. (LAKATOS/MARCONI; 1991:168).
Interpretação – é a actividade intelectual que procura dar um significado mais a mplo às
respostas, vinculando -as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significa a
exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos objectivos
propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas també m faz
ligações mais amplas dos dados discutidos. Na interpretação dos dados da pesquisa é
importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clar a e acessível,
(LAKATOS/MARCONI; 1991:168).
Dois aspectos são importantes:
a) Construção de tipos , modelos, esquemas – após os procedimentos estatísticos,
realizados com as variáveis, e a determinação de todas as relações permitidas ou
possíveis, de acordo com a hipótese ou problema, é chegado o momento de
utilizar os conhecimentos teóricos, a fim de obter os resultados previstos.
b) Ligação com a teoria – esse problema aparece desde o momento inicial da
escolha do tema; é a ordem metodológica e pressupõe uma definição em relação
às alternativas disponíveis de interpretação da realidade social.
A análise e reinterpretação de dados foi feita usando Tabelas queé um método estatístico
sistemático, de apresentar os dados em colunas verticais ou fileiras horizontais, que

20

obedece à classificação dos objectos ou materiais da pesquisa .
(LAKATOS/MARCONI; 1991:170).
É bom auxiliar na apresentação dos dados, uma vez que facilita, ao leitor, a
compreensão e interpretação rápida da massa de dados, podendo, apenas com uma
olhada, apreender importantes detalhes e relações. Todavia propósito das tabelas é o de
ajudar na dist inção de diferenças, semelhanças e relações, por meio da clareza e
destaque que a distribuição lógica e a apresentação gráfica oferecem às classificações.
Usou -se esta técnica por se achar mais simples de usar e de interpretar em relação as
outras técnicas existentes, pois esta técnica, alem de permitir ao pesquisador facilidade
na interpretação dos dados, permite também ao leitor uma fácil compreensão dos
mesmos, possibilitando -lhe ainda, que faça inferências sobre o estudo.

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CAPITULO I : REVI SÃO BIBLIOGRÁFICA
1. Ritos de iniciação
1.1. Conceituação
A expressão “ritos de iniciação” não é uma denominação conhecida pelas pessoas que
realizam essas práticas, ela foi concebida pelos observadores externos e estudiosos
dessas práticas. Os seus prati cantes usam outros nomes, que se traduzidos literalmente
das suas línguas para a língua portuguesa ter -se-ia uma variedade de designações
conforme a diversidade de grupos sociolinguísticos existentes. A designação “ ritos de
iniciação” teve início nos circu itos académicos, principalmente com o surgimento da
Antropologia como disciplina científica, como forma de “rotular” acções culturais cujas
significações se encerrariam dentro do contexto do grupo que as cria e as realiza. É
assim que o olhar conceitual da s palavras “ rito” e “iniciação” se insere na perspectiva
cultural, da simbolização e significação, da introdução das gerações mais novas aos
segredos dessa realidade firme construída ao longo dos séculos pelos grupos sociais,
(BRAÇO; 2008:76).
Etimologicam ente a palavra rito vem do latim ritus, que indica a ordem estabelecida e,
mais originalmente, este termo liga -se ao artýs , com o significado também de
“prescrição, decreto” . Para esse autor a raiz antiga e original do rito seria semelhante à
de ar, que in dicaria o modo de ser, a disposição organizada e harmónica das partes do
todo, “[…] da qual derivam as palavras sânscrita rta e a iraniana arta, e, em nossas
línguas, os termos “arte”, “rito”, “ritual”, família de conceitos intimamente ligada à
ideia de harmonia restauradora e à ideia de “terapia” como substitutivo ritual, (BRAÇO;
2008:77).
Assim, “o rito é um acontecimento cultural que caracteriza as transições, da
individualidade para a sociabilidade da vida humana em sua existência ”, (BRAÇO;
2008: 78).
Ainda este autor afirma que, o que caracteriza a iniciação é a transformação do
indivíduo . Essa mudança de identidade é possibilitada pela introdução às tradições
culturais, a partir das quais o neófito (iniciado) se socializa e é capaz de manifestar
plenamente a sua condição humana. Em sociedades de oralidade, como é o caso dos
grupos étnico – linguísticos que existem em Moçambique, essa tarefa vai além da acção

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transformadora do ser humano, ela permite que a história da comunidade seja
perpetuada e renov ada, através dos rituais e dos mitos.
Define MARTINEZ (2008:94), que “os ritos de iniciação são cerimónias com os quais
o indivíduo abandona o seu anterior estado social (a infância) para a vida adulta”.
1.1.1. Ritos de iniciação feminina
Os ritos de inic iação feminina elaboram as diversas passagens da vida e supera as
tensões traumáticas de cada uma delas. O rito guia e conduz a passagem de uma fase do
ciclo vital ao outro, constitui o elo intermediário que liga entre varias fases da vida,
(MARTINEZ; 2009 : 200).
Em seu estudo, BROWN (1963), citado por CÉSAR etall (s/d:48), conclui que, nas
sociedades em que as mulheres têm um papel preponderante nas actividades de
subsistência celebram -se os ritos de iniciação feminina como uma forma de preparar a
menina e garantir a sua competência no cumprimento das suas futuras obrigações.
Paralelamente aos ritos de iniciação, existentes na sociedade lomué, ritos próprio para a
iniciação feminina chamada “EMWALI” , que diferenciam dos rapazes “MASOMA” ,
pelo conteúdo das i nstruções, pelas pessoas que nela participam, pela duração que cada
um tem, local, data e solenidade das cerimónias. Até a realização dos ritos de iniciação,
a rapariga fica ligada estreitamente a mãe, num ambiente de confiança total e liberdade,
sem descr iminação sexual e a margem da vida social, vivendo numa total inocência da
vida real, e os adultos não se preocupam pelo seu comportamento, (MARTINEZ, 2009:
115).
1.2. Fases dos ritos de iniciação
Sustenta MARTINEZ (2009:115), que pelo seu papel nas socied ades lomué/macuas a
possibilidade de ocorrer estas cerimónias, é de destacar algumas fases a saber:
1ă Fase: Cerimonia que esta ligado ao nascimento, onde é enterrado o cordão umbilical,
momentos em que os pais apresentam a criança aos seus antepassados pa ra o seu
reconhecimento;
2ă Fase: Compreende o período onde a rapariga torna -se apta para a procriação;
3ă Fase: Ligada a preparação do casamento, onde rapariga segue os ensinamentos da
fase anterior. Os casamentos são realizados em cantos e danças tradici onais

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acompanhadas de tambor e outros instrumentos da região. Na noite de núpcias, as
mulheres mais velhas representantes das duas famílias sorrateiramente se escondem de
forma a testemunhar o acto sexual e a pureza da noiva. No dia seguinte, o lençol com
sangue é apresentado a todos os convidados como prova da honestidade da noiva. Em
casos contrários, a família passara para maior vergonha e devolvera todo o valor do
dote.
4ă Fase: considera -se a última fase e esta ligada aos momentos fúnebres, considerado
como a fase da última transição para o mundo dos mortos.
A mãe apesar de saber que a sua filha não tem direito e deveres de adulto, é uma pessoa
e deve ser tratada desde pequena, vai ensinando progressivamente ate na integração do
mundo feminino. A primei ra educação básica e genérica da menina (MWARUSI) , segue –
se na ordem de tempo e da importância. A iniciação propriamente dita na vida social da
rapariga já jovem (MWALI) , trata -se da descoberta e assimilação que a rapariga faz, a
própria personalidade e do pleno acesso a vida social.
Os ritos de iniciação feminina (EMWALI), realizam -se em várias etapas bem definidas,
separados por longo período de tempo. Trata -se de rito separação do mundo infantil
assexuado e rito de agregação a sociedade, como pessoa adult a e como mulher. Estes
ritos coincidem seus momentos mais importantes, caracterizando -se pelo
desenvolvimento psicológico da jovem, sem todavia se chegar a uma identificação da
puberdade física e social, MARTINEZ (2009:115).
1.3. Ritos preliminares
A inici ação da rapariga inicia desde pequenina e é progressiva. Para a participação nos
ritos de iniciação não é necessariamente que a criança tenha tido a primeira
menstruação. Por vezes as crianças são juntadas com as que nunca entraram durante a
instrução são divididas em dois grupos. Todavia, o ponto culminante do processo
formativo dá -se com a aparição d primeira menstruação. De facto, é com a primeira
menstruação, que começam as primeiras regras de iniciação feminina, (MARTINEZ;
2009:117).
O primeiro sintoma da menstruação, a rapariga pela falta de noção conta a mãe
alegando doença, o que constitui satisfação para mãe dando um grito de alegria, que
condiciona a chegada da sua filha a fase de mulher, comunicando a sua madrinha para

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provar as verdades mostrando a roupa interior da filha manchada com sangue,
(MARTINEZ; 2009:118).
A partir deste momento, organiza -se os ritos de iniciação nesta fase só para ela, onde a
mestra principal junto a outras, madrinha e anciã são encarregas do ensinamento e de
todos os rit os. Para o ensinamento, as mestras reúnem -se em casa d jovem durante a
noite e em dias diferentes durante varias semanas ensinando os conhecimentos
necessários desta nova etapa da vida, (Idem).
1.4. Os princípios fundamentais dos seus ensinamentos
Segundo MARTINEZ (2009:119), constituem princípios fundamentais dos ritos de
iniciação:
 Explicação fisiológica e higiénica da menstruação, que a jovem deve ter em
conta para diante;
 Como se deve comportar com a comunidade : durante a menstruação, não pode
falar com homens, deve respeitar os adultos, em particular as mestras;
 Com muito recanto como deve sentar -se, caminhar, comportar -se em público,
por estar a viver num período especial;
 A forma de vestir : a rapariga não pode usar roupa de todos os dias e muito
menos roupa dos dias de festa, nem se pode embelezar (pulseiras, anéis, colares,
etc.), nem pentear. Usara roupa velha ao sair de casa,
 Alimentação : não consumir certos alimentos como: ovo, peixe, e deve comer
papas de milho mal cozidas com feijão;
 A proibição das relações sexuais: tratando -se de uma rapariga já casada, fica
proibida as relações sexuais durante o tempo de menstruação.
A partir deste momento, a rapariga vive um clima de segregação social. Durante este
tempo, a rapariga deve prestar atenção, aos sonhos, porque são interpretados como sinal
de sorte ou desgraça. Por exemplo, sonhar com um boi, é sinal de vida, pelo contrário,
sonhar com um leopardo pode ser sinal de morte ou pouca sorte, (MARTINEZ; 2009:
1.4.1. Período de margem (entrada)
Após a rea lização da primeira fase, são seleccionadas número de mais ou menos 20
raparigas que serram submetidas a inicialização fora da povoação, numa casa própria
para a realização dos ritos da segunda fase e ao lado, pode se construir uma casa própria
para a real ização dos ritos da segunda fase. No dia determinado depois de tudo pronto,

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as raparigas entram na referida casa de cada rapariga oferece -se um sacrifício
tradicional aos pedidos dos êxitos dos ritos, após a cerimónia, organiza -se em casa das
iniciandas um a festa acompanhada de dança, onde são acompanhadas pelos seus
familiares, mestras, madrinhas e seus auxiliares, por terem passado 7 e 10 dias ora dos
hábitos sociais. Sendo período de segregação social, os homens são vedados a entrada
da casa durante o pe ríodo dos ritos, (MARTINEZ; 2009: 119).
De acordo com CIPIRE (1996:40), o ruído dos batuques, próprios das cerimónias
impede que o viajante desprevenido se aproxime do recinto. Findo estes ritos, a palhota
é queimada indo todas as iniciadas banhar ao rio m ais próximo, vestidas depois, os seus
panos mais vistosos e adornados com missangas de corres vivas. Sentadas, as raparigas
iniciadas, cercadas pelas mulheres mais velhas, um monótono canto abordando assuntos
eróticos, e a medida que vai entusiasmada no ca nto, vai se despejando os panos ate ficar
nua, tapando teoricamente o sexo com uma tira de pano de cerca de dois centímetros de
largura, suspensa atrás e afrente de um cinto de missangas.
1.5. Iniciação
De acordo com MARTINEZ (2009:119), a instrução começa na primeira fase de
iniciação tendo -se prolongado ate gravidez e a celebração do casamento. Nesta fase, é
mais intensa e adquire uma tonalidade mais formal e abrange educação mais formal e
abrange a educação em todos os aspectos da vida. As mestras, (ANAM UKO), no seu
esforço educativo usam uma linguagem simbólica acompanhada de gestos,
representações mímicas e danças, provérbios, enigmas e cânticos, como formas
literárias que ajudam as jovens a fixarem os ensinamentos recebidos.
Os critérios para a atribui ção do tempo para iniciação são predominantemente sociais,
pois o indivíduo por si só não define e nem justifica a prática. A passagem ou a
transformação se verifica em função da uma nova acção ou maneira de assumir -se
socialmente. E, acontece que “ a nova posição social atribuída ou adquirida requer dos
novos ocupantes um novo papel social. […] É como se a posição anterior vivida pelo
indivíduo morresse e em seu lugar nascesse um novo homem, um novo indivíduo […] ”
(JUNOD;1996:308).
1.6. Banho ritual
Durante este período de iniciação, as raparigas tomam vários banhos, os quais, para
além do seu valor higiénico simbolizam a purificação do tempo passado e o nascimento

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social. Portanto, este último, é destinado ao regresso a casa e a acepção a sociedade,
(MARTINEZ;2009:119).
1.7. Tratamento do corpo (unção)
As mestras untam o corpo das raparigas com vários óleos vegetais. Os pais, das
raparigas, (que procuram o óleo), prestam toda atenção na sua preparação para que seja
abundante e não seque rapidamente, po rque caso contrario, será considerai um sinal de
mão comportamento das filhas. Estas unções são ritos de agregação com os quais, se
prepara os regresso das r aparigas à sociedade, (MARTINEZ; 2009:119).
1.8. Contribuição dos ritos de iniciação feminina na ed ucação formal
Os ritos de iniciação são práticas antigas com o modernismo dos tempos actuais vem se
perdendo pouco a pouco, ficando apenas nas famílias mais conservadoras, num tempo
em que sociedade vem se debatendo com a questão d falta de identidade cult ural e de
algum modo, mão comportamento dos alunos na escola e em casa.
Assim sendo, pretende -se com este estudo sugerir que os ritos de iniciação têm uma
enorme lista de vantagens para educação formal.
 Valorização da nossa cultura – o destaque é para seu valor cultural, isto é,
os ritos de iniciação transmitem um conjunto de valores culturais típicos do
local;
 Mantém a nossa identidade cultural – aspecto que está ligado de que se ao
se incentivar esta pratica valorizamos a cultura moçambicana e ao mesmo
tempo, transformamos esses ensinamentos em algo mais útil para a nossa
convivência na sociedade.

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CAPITULO II
2. Apresentação, Análise e Interpretação de Dados
2.1. Contextualização da prática dos ritos de iniciação no Posto Administrativo de
Lioma
No que se refere conceituação e a pratica dos ritos de in iciação na sociedade lomué das
trinta (30) meninas assim como as senhoras indicadas na amostra foram unânimes ao
definir que os ritos de iniciação:
São um conjunto de ensinamentos que se dão as donzel as logo após o
primeiro ciclo menstrual, constituído por um conjunto de
ensinamentos dados a criança ou donzela que visam educar as
mesmas com o intuído de enfrentar a vida futura, seja no lar assim
como na comunidade em geral.
Já para as professora s assi m como os directores das duas escolas, questionados em
relação ao conceito de ritos de iniciação, estes responderam que os ritos de iniciação:
São cerimónias realizadas nas comunidades com vista a educar as
mulheres dando -lhes as normas, regras, leis e con dutas de
convivência de modo a tornar estas preparadas para os desafios da
vida adulta, no lar com o seu marido e filhos, na família e na
sociedade .
Neste sentido, RATILAL (1999), citado por CÉSAR etall (s/d:49) anota que os ritos de
iniciação não têm lugar em todas as províncias do país, sendo mais comuns nas zonas
rurais do que nas urbanas e que as raparigas normalmente são iniciadas na sua zona de
residência, facto que também ocorre na zona onde se fez o presente estudo.
No que tange ao seu valor soc iocultural , uma das formadoras ( ANAMUKO) referiu
que:
… os ritos de iniciado são de grande importância para a organização
da vida da pessoa iniciada e sua inserção na vida comunitária. Por
outro, a passagem da rapariga pelos ritos de iniciação confere -lhe o
reconhecimento como ser humano socialmente completo e
devidamente integrado no seu meio social, encontrando -se em
condições de cumprir com o seu papel de mulher ( ANAMUKO).

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Por conseguinte, processa -se a ascensão à categoria de adulto através das cerimón ias
iniciáticas. Garantindo também que as iniciandas valorizem a própria comunidade e
ainda contribuem para a criação da auto -estima. Em relação ao sentimento pessoal dos
ritos de iniciação, acrescentou a entrevistada que, depois da participação nas
cerimó nias ligadas aos ritos de iniciação a pessoa sente -se completa e livre de gozar os
seus direitos como membro da comunidade no qual pertence, (Idem).
A socialização é aqui entendida como indivíduo aprende e interioriza o sistema de
valores, de normas e de comportamentos da comunidade no qual o indivíduo pertence.
Permitindo não só uma estabilidade comportamental, através da interiorização de
normas e valores, como também promovendo a coesão e integração entre os membros
de um grupo determinado MAIA (20 02), citado por, CÉSAR etall(s/d:50).
Durante o processo de socialização, inculcam -se ao indivíduo categorias de
pensamento e um sistema de ideias, crenças, tradições, valores morais, profissionais ou
de classe dos quais alguns são irreversíveis e outros, pelo contrário, mudam em função
de novas aprendizagens e de situações vividas CHERKAOUI (1986), citado por
CÉSAR etall (s/d:50).
Usando o método de observação participante , a autora participou no acto da realização
de uma cerimónia de ritos de iniciação no Posto Administrativo de Lioma, Distrito de
Gurúe, Zona A bairro Euarrelo no dia 27 de Novembro de 2015, onde houve uma
concentração de 15 raparigas entre as quais com as idades compreendidas de 12 à 16
anos de idade, constatou -se que estas cerimónias fo ram realizadas ainda no período
lectivo.
Entrevistadas as iniciandas em relação ao período da sua realização, visto que era um
período em que decorriam os exames, e divulgação dos resultados de aproveitamento
pedagógico para as classes sem exame, as inicia ndas responderam da seguinte maneira:
“frequentavam classes sem exame” por esta razão, “não havia que se preocupar com
as aulas nem com os exames” (EMWALI).
2.2 Principiais ens inamentos dados pelas formadoras
 Cuidados pessoais – no início da iniciação as formadoras instruíram as raparigas
como cuidar -se prestar maior atenção na higiene pessoal, de seguida foi a
instrução dos cuidados a ter com os irmãos mais novos devendo alimenta -los

29

quando estes necessitarem de comer, não só, devem se preocupar em
confec cionar os alimentos para os mais velhos que estejam presentes ou
ausentes. No período da menstruação, foram ainda ensinadas que, não podem
tomar banho com pessoas mais novas que elas, isto é, com crianças, não podem
salgar o carril, saber como se sentar af rente das pessoas, vestir -se bem do modo
que não faça perceber as outras pessoas o momento em que estas a passar.
 A vida após o casamento – caso tenha contraído casamento, deve respeitar o
marido pois, ele é a cabeça do lar devendo -o obedecer em todas as coisas. Na
vertente de agradecimento, quando o marido trás algo, a mulher não deve iniciar
o seu uso, sem informar ao seu esposo, devendo preparar rícino1 para aplica -los
no acto das relações sexuais.
 Ainda em rela ção ao agradecimento, questionada uma das formadoras para que
servia o rícino , esta argumentou que:
“é a forma de estimular o homem para que se sinta honrado e
motivado a preocupar -se em chegar em casa sempre com algo como
presente, no caso do uso de rícino alegam que uma mulher que se
prepara co m este produto dificilmente é violada sexualmente, por
outro lado, a mulher diferencia -se do homem na posição física”
(ANAMUKO).
 Tratamento de questões ligadas a doenças – em caso de doenças, as raparigas
foram instruídas que no fim da respiração do indiví duo, que é o sinónimo de
morte, em primeiro lugar a mulher deve preocupar -se em organizar o cadáver e
depois pôr -se a chorar como forma de informar a comunidade da triste notícia.
Ainda em relação morterecomenda -se maior respeito por parte das mulheres,
pôs, é a última fase esperada por qualquer ser vivo neste momento de luto, a
mulher deve se manter firme no sentimento devendo -se abster da realização de
relações sexuais, num período compreendido de 15 dias ou mais.
 Respeito aos mais velhos e outros membros da comunidade – segundo as
nossas entrevistadas, os ensinamentos ligados ao respeito pela comunidade e
pelos mais velhos, diziam que são ensinadas a ser submissas a estes, isto e,
devem aos mais velho o respeito, obediência, a valorização das ideias dos m ais
velhos e sobretudo o respeito a todos os membros da comunidade.

1Semente de uma certa planta q ue cresce na zona onde o estudo foi feito, da família da jatropha usado
pelas mulheres com vista a atrair o marido para as relações sexuais.

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 Manutenção e conservação dos valores culturais – as iniciadas foram ainda
instruídas, para manter os valores culturais, que elas recebem dia após dia, para
dignificar a cultura local.
 Outros ensinamentos – foram ainda ensinadas que, desde o momento que a
rapariga entra nos ritos de iniciação, passou para uma outra fase da vida. Assim
sendo, não pode brincar com rapazes, com crianças e nem subir em árvores.
Quando uma pessoas mais velha est iver a falar com a rapariga, ela não pode
responder, foram instruídas que deve manter -se calada até que a pessoa se sinta
que te arrependeste do que fizeste.
O período de confinamento no acampamento onde se realizam os ritos de iniciação
varia entre uma e duas semanas e normalmente as cerimónias de iniciação são
realizadas no mesmo período do ano, para o caso das localidades em que o fazem
colectivamente, como é o caso da zona onde se fez o estudo.
2.3. O contributo dos ritos de iniciação na educação forma l
Os ritos de iniciação são práticas antigas que com o modernismo dos tempos actuais
vem se perdendo pouco a pouco, ficando apenas nas famílias e nas comunidades mais
conservadoras, num tempo em que sociedade vem se debatendo com a questão da falta
de iden tidade cultural e de algum modo, mão comportamento dos alunos na escola e em
casa.
De referir que os nossos entrevistados, seja as EMWALI, os professores e directores,
assim como as ANAMUKU, foram claros ao descrever certos e ricos valores que podem
ser le vados dos ritos de iniciação para a educação formal.
Neste caso, sublinhou uma das nossas entrevistadas que: “a educação formal pode levar
dos ritos de iniciação, elementos como, o respeito pela comunidade, pelos valores
tradicionais, pela tradição e aind a pela dignidade humana ” (ANAMUKO).
Segundo BRAÇO (2008:61) a manifestação dos saberes locais em ambientes escolares é
uma reescrita da história da humanidade e de Moçambique, em particular, na qual todas
as vozes se fazem presentes. Em processos educativo s há que considerar que tanto os
educadores como os educandos são sujeitos do processo.
Parece ser isso que os objectivos do Currículo Local estariam afirmando: “formar
cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da vida da sua família, da

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sua comunidade e do país, partindo das experiências e saberes locais das comunidades
onde a escola se encontra inserida ” (INDE;2004:4).
Portanto, notamos que os ritos de iniciação podem contribuir para a educação formal na
medida em que estes ensinam a:
 Valorização da nossa cultura – o destaque é para seu valor cultural, isto é, os
ritos de iniciação transmitem um conjunto de valores culturais típicos do local
onde eles são praticados, fazendo com que haja um contributo enorme para o
próprio currículo loc al;
 Mantém a nossa identidade cultural – este aspecto está ligado ao se incentivar
esta prática valoriza a cultura moçambicana e ao mesmo tempo, transformamos
esses ensinamentos em algo mais útil para a nossa convivência na sociedade;
 Construção e fortific ação da auto -estima –isto é, quando os ensinamentos dos
ritos de iniciação forem ensinados também nas escolas formais, pode -se
desenvolver nos alunos alguns sentimentos de auto -estima o que de certa forma
irá contribuir também para que os alunos se interes sem mais sobre os
conhecimentos da sua comunidade.
Na realização das cerimónias dos ritos de iniciação envolve consigo, vários passos e
processos, processos estes, que quando não entram em harmonia com a educação
formal, acaba se entrando em conflito envo lvendo estes dois pólos educacionais. Estes
conflitos são alargados quando um número maior de raparigas entra para o primeiro
ciclo menstrual ainda no período lectivo e que estas ainda se encontram de aulas .
Assim sendo, as raparigas ou iniciandas são obri gadas a abandonarem as aulas para
serem submetidas às cerimónias dos ritos de iniciação ficando sujeitas a perder parte do
conteúdo durante o períod o no qual estarão nos ritos de in iciação recebendo os
ensinamentos com as matronas.
Não estamos afirmando q ue as raparigas não podem participar nas cerimónias dos ritos
de iniciação, mas que esta participação seja em períodos apropriados assim como
afirmou a professora entrevis tada na Escola Primária de Euarelo, segundo esta:
Devido ao cunho cultural e tradici onal que os ritos de indiciação
desempenham nesta sociedade e para que as raparigas não percam as
aulas, seria bom que estas cerimonias sejam realizadas no período das

32

interrupções das aulas pois, só assim existiria uma melhor harmonia
entre as cerimonias e as aulas (Prof a1).
Ainda neste contexto, numa co nversa tida com uma das formadoras em relação ao
período da realização dos ritos de iniciação, dizia esta formadora que é impossível, ou
seja, inadmissível que a comunidade deixe a menina depois de ter a p rimeira restrição
que se deixe ainda assim sozinha por si só, porque esta ainda não sabe que medidas
tomar naquelas circunstâncias, sendo necessário que ela tenha um pouco de
ensinamentos para saber cuidar a si e as pessoas que estiverem ao seu redor.
Aind a em relação ao problema dos ritos de iniciação com a educação formal, os
professores assim como os directores das escolas sugeriram que estes se realizassem no
período das férias, pois só assim nem a escola nem as meninas e nem a comunidade se
sentiriam c omprometido com certas obrigações de um ou de outro lado.
2.4. Período da Realização
Um outro factor da perca do espaço dos ritos de iniciação, está relacionado ao período
da sua realização que na sua maioria tem sido no período lectivo, pois como sabemos ,
nem todas as raparigas apanham o primeiro ciclo menstrual no período da interrupção
lectiva, ou seja, no período em que elas estão de férias. O que faz com que os seus pais
os submetam nestas cerimónias com vista a serem educadas para fazerem face a uma
nova vida pela qual estas iniciaram ou seja, entraram.
Em relação a este facto, um terço das raparigas questionadas em relação ao período em
que entraram nos ritos, estas, responderam o seguinte:
Participei nas cerimónias dos ritos de iniciação no período das aulas,
meus pais pediram a minha professora para me dispensar por alguns
dias porque eu deveria ser submetida as cerimónias dos ritos de
iniciação, ela aceitou e fui aos ritos de iniciação (EMWALI).
Questionadas as matronas ( ANAMUKU) em relação ao pe ríodo da realização das
cerimónias dos ritos de iniciação elas responderam que o
(…) período varia consoante ao período em que a menina apanhou a
primeira menstruação, pois, quando isso ocorre no período das ferias,
nos também as submetemos aos ritos neste mesmo período. Mas,
quando isso ocorre no período lectivo nós não temos como esperar
porque não devemos deixar que ela vá a escola naquele estado, sendo
necessário alguns ensinamentos dos cuidados que ela deve ter a partir

33

daquele momento, e ainda, ela nã o pode ir a escola para evitar que vá
suja porque não sabe se cuidar ( ANAMUKO).
Fez-se a seguinte questão a uma das alunas da Escola Secundária Geral de Lioma Sede :
será que não pode participar as au las enquanto está nos ritos de iniciação?
Quando nos so mos submetidos a estas cerimónias, não somos
deixadas sair para a escola pois, neste período da realização das
cerimónias não podemos nos deparar com homens nem com outras
pessoas que não sejam as nossas formadoras, neste caso, é proibido
sair para escola enquanto estiver nos ritos de iniciação (EMWALI).
Como consequência disso, está o fraco aproveitamento pedagógico notado mais nas
raparigas que nos rapazes assim como ilustram os mapas de aproveitamento pedagógico
dos dois últimos anos 2013 / 2014, em anex o no final desta monografia.
2.5. Fraca valorização dos ritos em detrimento da educação formal
Já o ú ltimo factor que leva a perca de espaço dos ritos de iniciação, está ligado a fraca
valorização dos mesmos em relação as comunidades que as praticam e ou tras que já
não as praticam. Este factor está ligado aos factores atrás mencionados como a
globalização que procura desvalorizar as culturas dos povos por onde passa, a
colonização que durante um longo período obrigou as populações dominadas a
abandonarem as suas raízes culturais para adoptar os valores europeus e por fim o
próprios sistema curricular que a educação esta seguindo, pois, ao nosso ver e educação
esta mais preocupada em ensinar a ciência e a técnica deixando de lado os valores e
traços multi -culturais que estão espalhados por todo o país.
Aliado a isso estão as exigências da própri a sociedade capitalista, ass im como afirma
MÉSZÁROS (2008:27), citado por, MELLO (s⁄d:21 -22):
(…) na sociedade capitalista, ligada à urbanização e à
industrializaçã o, cada vez mais o homem precisa passar pela escola
para receber as marcas da escolarização que influenciam a vivência
na cidade, para nela trabalhar, locomover -se, comprar etc. Assim, o
modo de produção capitalista legitima a exploração do trabalho e é na
escola que os indivíduos podem ser instruídos e disciplinados para
uma vida produtiva e ordeira. Como somos constituídos social,
histórica e culturalmente, tendemos a reproduzir estas relações .
Isto quer dizer que todas as sociedades actuais de um modo o u de outro estão ligados de
forma directa com a educação, não por que elas não podem separar -se com esta, mas

34

porque o próprio capitalismo não permite que haja esta separação, pois, é a educação
que define a vida da pessoa desde sua infância. A maneira com o este vai andar, agir e
pensar será influenciada pela escolarização. Portanto, os pais sentem -se obrigados a por
os seus filhos na escola para que estes não se sintam excluídos no mundo no qual estão
inseridos.
Como sabemos, os ritos são praticadas na su a maioria em comunidades das zonas rurais
e as escolas secundárias e ainda as universidades estão na sua maioria em zonas urbanas
onde a prática dos ritos de iniciação não é notória.
Portanto, percebemos que a educação formal não pode ser dirigida de forma autónoma
sem contemplar os valores culturais das comunidades no qual as escolas estão inseridas.
Assim uma outra entrevistada foi feliz ao afirmar que:
O ensino seria melhor se houve -se uma harmonia entre os
conhecimentos ensinados nos ritos de iniciação (respei to pela
comunidade, obediência aos mais velhos, valorização das tradições e
costumes locais, sentimentos de irmandade na comunidade, etc.) com
os conhecimentos que as crianças adquirem na escola, só assim, é que
haveria maior interacção entre o tra dicional e o cientifico nas aulas e
nas acções das crianças (P fră, 6ă classe, Ed. Moral e Cívica).
Ainda em, relação aos ensinamentos dos ritos de iniciação que podem ser inclusos na
educação formal, o director da Escola Secundária Geral de Lioma Sede respondeu o
seguinte:
Pelo facto dos ritos de iniciação ensinarem como as raparigas devem
se comportar na comunidade, como se vestirem e apresentarem -se em
tempos que estiverem no período de menstruação, estes valores
podem ser incluso no currículo seja local assim como nacional, só
assim, teremos uma sociedade mais bem -educada, comporta e
preparada para assumir e vencer os desafios da vida q ue os aguarda
pela frente, (Drt2 .).
Afirmou também o seu homologo em relação a este aspecto que:
Os ritos de iniciação ensinam o respeito pela dignidade humana, o
que de certa forma, trazem um perfil positivo no ambiente escolar,
contribuindo também para a formação da nossa sociedade que
pretendemos podendo ainda responder nos nossos desejos de termos
uma sociedade mais a ctiva e educada com os v alores das culturas
locais (Drt1 .).

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3. Conclusão
A pesquisa sobre os ritos de iniciação feminino na sociedade lomué no Posto
Administrativo de Lioma Distrito de Gurúe entre os anos 2011 a 2014, permitiu apurar
o seu cont ributo para a educação formal. As práticas e os saberes construídos e
transmitidos nessa tradição cultural oferecem múltiplas possibilidades para o
desenvolvimento de um currículo escolar, que seja, efectivamente, um mapa de
representação das culturas moça mbicanas, diversas e distintas, em prol da afirmação das
culturas locais, das subjectividades a elas inerentes e da democratização da escola. Ao
longo do estudo defendeu -se a ideia de que a tradição e a cultura são conteúdo
substanciais da educação seja fo rmal assim como informal. Desta feita, a cultura
justifica a existência da escola, dando -lhe sentido e significado.
Assumiu -se uma questão de fundo: que contribuição tem os ritos de iniciação para a
educação formal? E como forma de responder esta questão c riaram -se duas hipóteses
que constituíam as pré -respostas para o estudo, sendo as quais: os ritos de iniciação
feminino tem uma contribuição bastante acentuada no desenvolvimento curricular e não
só, mas também, contribui para a valorização da cultura loca l, pois, eles transmitem um
conjunto de valores a cultura típica nacional e local. Porque ensinam os participantes a
respeitar e conservar a sua cultura e tem certa influência no seu modo de agir na
sociedade, visto que estes contribuem no saber ser, estar e fazer.
Os ritos de iniciação contribuem negativamente na formação académica das educandas,
visto que, eles são realizados não só no período escolar, mas também trazem consigo
consequências negativas devido a sua natureza de incutir nas educandas aspecto s
ligados a tradição e dos costumes locais e a educação formal incutir conteúdos
científicos, devido a contrariedade de princípios ou métodos.
Ainda ao longo do estudo foi possível apurar ainda que o rito é um acontecimento
cultural que caracteriza as tran sições, da individualidade para a sociabilidade da vida
humana em sua existência o que os caracteriza é a transformação do indivíduo que
possível pela introdução das tradições culturais, a partir das quais o neófito (iniciado) se
socializa e é capaz de man ifestar plenamente a sua condição humana. Esta é uma prática
que vem perdendo lugar em muitas etnias moçambicanas motivado por vários factores,
mas, no local onde se fez o estudo, esta pratica ainda vigora e constitui um dos alicerces
para a transição do i ndivíduo da fase infantil para a adulta.

36

Em forma de conclusão, foi possível graças a este estudo concluir que os ritos de
iniciação feminino tem um contributo significativo para a educação formal, pois alé m
dos ensinamentos ligados a higiene das rapariga s, foi possível constar que estas praticas
carregam consigo um cunho cultural e tradicional que identifica a sociedade lomué
assim como toda a sociedade moçambicana que apesar das diferenças culturais
existentes entre as várias etnias moçambicanas existem aspectos que ligam as mesmas
como é o caso da valorização da cultura e da tradição moçambicana. Com isso,
validamos a nossa primeira hipótese.

37

Sugestões
Em função do estudo desenvolvido e as constatações encontradas, com vista que se faça
uma valorização da educação informal na educação formal, a autora sugere que :
 Que o currículo de ensino continue cada vez mais a valorizar e cultiv ar os
aspectos culturais como pressupostos para a realização do currículo intercultural,
isto é, um currícul o que abarca os conhecimentos da educação informal e os da
educação formal;
 Acha uma sensibilização das comunidades e dos alunos que o período entre as
aulas e os exames não é período de férias, este período foi reservado para a
preparação dos exames que s erá depois de 7 dias contando do dia da interrupção
lectiva. Pois só assim, as crianças se manteriam ainda ligadas às actividades
lectivas como por exemplo, a preparação dos seus exames ;
 Si faça a realização de pequenos fóruns onde as raparigas que apanhar am o primeiro
ciclo menstrual, seriam ensinadas pequenos detalhes de forma resumida sobre como
se cuidar e como se comportar a partir daquele momento, pois, elas já não pertence
ao seu mundo habitual (o mundo da infância) mas que já são membros directos da
comunidade em que vivem e que já são mulheres formadas. Estes fóruns, no nosso
ponto de vista não deviam durar nada mais que 2 dias o que também seria possível
ser realizado nos finais de semanas ;
 Que se desenvolva um diálogo como opção pedagógica e metod ológica – o que
transforma a escola em espaço e tempo de construção de conhecimentos e não
apenas para a transmissão de conteúdos alheios ao contexto dos alunos;

38

4. Bibliografia
BERNARDIN, Bernardo. Introdução aos estudos Antropológicos , Editora 70, Lisboa,
s/d.
BRAÇO, António Domingos. Educação pelos ritos de iniciação: Contribuição da
tradição cultural ma -sena ao currículo formal das escolas de Moçambique ,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC -SP, São Paulo, 2008.
CANASTRA, Fernando, e tall. Manual de Investigação Científica da Universidade
Católica de Moçambique, 1ă edição, UCM, Beira, 2015.
_____________________ Capitulo 1,Teoria da Amostragem, s/d.
CIPIRE, Felizardo. Educação tradicional em Moçambique , 2ă edição, Empresa de
Estudos e Investigação Editorial, Maputo, 1996.
COHEN, Bruce J. Sociologia Geral , Brasil, São Paulo, 1980.
GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa em Ciências Sociais . 6ă ed. Atlas
Editora, São Paulo, 2008.
JANEIRA, Ana Luísa. A técnica de análise de conteúdo em Ciências Sociais: natureza
e aplicações, CambrigeUniversit, EUA, 1971.
JUNOD, H. A. Usos e costumes dos bantu . Maputo: AHM, 1996.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
Metodologia Científica, Editora Atlas S.A., São Paulo, 1991.
LIBÂNEO, José Carlos. Didáctica , Cortez Editora, São Paulo, 2006.
MAANEN, John, Van. Reclaiming qualitative methods for organizational research: a
preface, In Administrative Science Quarterly, vol. 24, December, 1979.
MAE, Ministério da Administraçã o Estatal. Perfil do distrito de Gurué – Prov íncia da
Zambézia, MAE, Maputo, 2005.
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia cultural . 3ă Edição, Paulinas Editora,
Maputo, 2009.
MARTINEZ, Francisco Lerma. O Povo Macua e Sua Cultura – analise dos valores
culturais, do povo macua no ciclo vital , 2ă edição, Paulinas Editora, Maputo, 2008.

39

MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. Uma Aproximação à Didáctica do Ensino de
Geografia. UNESP, Ourinhos/CAPES. São Paulo. s/d.
MOREIRA, A. F. e SILVA, T.T. Currículo, Cultura e Sociedade. São Paulo: Cortez,
1994.
CÉSAR A.T. Nilza atall, Investigando o impacto dos ritos de iniciação no acesso à
educação e formação de crianças e adolescentes: o caso da alta Zambézia,
Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique, Maputo, s/d.
OLIVEIR A, Cristiano Lessa de . Um apanhado teórico – conceitual sobre a
pesquisaqualitativa: tipos, técnicas e características , UFA, Alagoas, s/d.
RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica , FAETEC/IST, Paracambi,
2007.
SILVA, Edna Lúcia da, e MENEZES, Ester aMuszkat. Metodologia da Pesquisa e
Elaboração de Dissertação. UFSC Universidade Federal de Santa Catarina, 3ă ed.
Florianópolis, 2001.

a

Apêndices

b

Apêndice I
Raparigas/Emwali.
Idade:
Posição social:
Estado civil:
Questionário
O que são ritos de iniciação feminino ?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Já ou não participou nos ritos de iniciação feminino?
________________________________ ______________________________________
______________________________________________________________________
Os ritos de iniciação como uma prática local, tem um papel relevante nesta sociedade.
Que ensinamento teve nos ritos de iniciação?
______________ ________________________________________________________
______________________________________________________________________
Em que período do ano foi aos ritos de iniciação feminino?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Será que não pode participar as aulas enquanto está nos ritos de iniciação ?
______________________________________________________________________
______________________________________ ________________________________
______________________________________________________________________

Gratos pela atenção dispensada.

c

Apêndice II
Formadoras/Namuku.
Idade:
Morada:
Posição social:
O que são os ritos de iniciação feminino?
______ ________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Nesta comunidade, assim como em toda sociedade realizam -se cerimónias de carácter
educativo e preparatórias designadas r itos de indicação. Que significado tem os ritos de
iniciação feminino para a comunidade?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Quando fazem estas cerimón ias, há parcerias com o governo local e a direcção da
educação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Se é que existe parceria entre o governo, o sector da educação e a comunidade no
âmbito da realização dos ritos de iniciação,qual tem sido a aderência?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________ ____________________________________________________________
Neste contexto, quais os ensinamentos dos ritos de iniciação, que acha que a educação
formal deve incluir no seu currículo?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

d

Apêndice III
Director da Escola Secundária Geral de Lioma Sede
Questionário
O que são os ritos de iniciação feminino?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
As cerimónias dos ritos de iniciação, são realizadas em toda sociedade lomué, em
particular no Lioma. O que acha do período em que estas cerimonias são realizadas,
tendo em conta que na maioria das vezes a sua realização coincide com o período
lectivo.
_________________________________________ _____________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Como director da escola qual é o período que acha melhor para a sua realização?
______ ________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Estamos num período em que a globalização é vista como um factor catalisador para
perda de alguns valores culturais e po r consequência adesão de novos. Que
ensinamentos tem os ritos que podem ser inclusos na educação formal, no âmbito do
resgate dos valores culturais e da valorização do currículo local.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

e

Apêndice IV
Professoras da Escola Primaria Completa de Lioma sede
Disciplina em que lecciona:
O que são os ritos de iniciação feminino?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Os ritos de ini ciação servem não só para inculcar as crianças ou as educandas noções da
vida para que estes saibam ser, estar e fazer na sua vida adulta. Que ensinamento dos
ritos de iniciação feminino já incorporou nas suas aulas?
_______________________________________ _______________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Na sua opinião quais são os aspectos chaves que os ritos de iniciação tem e que pode m
ser inclusos no currículo?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Qual seria o con tributo destes valores na educação formal?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
No âmbito da realização destas cerimonias, em que período acha melhor para a sua
realização?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_______________________ _______________________________________________

f

Apêndice V
Director da Escola Primaria Completa de Lioma Sede
Questionário
O que são os ritos de iniciação feminino?
______________________________________________________________________
_______ _______________________________________________________________
______________________________________________________________________
As cerimónias dos ritos de iniciação, são realizadas em toda sociedade lomué, em
particular no Lioma. O que acha do perío do em que estas cerimonias são realizadas,
tendo em conta que na maioria das vezes a sua realização coincide com o período
lectivo.
______________________________________________________________________
______________________________________________________ ________________
______________________________________________________________________
Como director da escola qual é o período que acha melhor para a sua realização?
______________________________________________________________________
___________________ ___________________________________________________
______________________________________________________________________
Estamos num período em que a globalização é vista como um factor catalisador para
perda de alguns valores culturais e por consequênci a adesão de novos. Que
ensinamentos tem os ritos que podem ser inclusos na educação formal, no âmbito do
resgate dos valores culturais e da valorização do currículo local.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

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